SaaS ganha espaço no mercado e chega às PMEs

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A crise econômica mundial fez com que muitas empresas revissem seus gastos e passassem a adotar soluções oferecidas como serviço para suas áreas de TI. No caso específico do mercado de software, a demanda por essa modalidade de compra de software como serviço (SaaS, na sigla em inglês) cresceu exponencialmente no último ano em decorrência da retração financeira.
O uso do SaaS, porém, tem ficado restrito praticamente às pequenas e médias empresas que não têm uma infraestrutura de TI montada e não querem imobilizar capital ou não dispõem de muitos recursos para a compra de software. Entre as grandes corporações ainda há forte resistência à ideia de não ter o servidor da aplicação dentro de seu próprio parque de TI. Além disso, como a maioria delas já dispõem de infraestrutura montada acabam optando por não usar essa modalidade de software.
O gerente de engenharia de sistemas da McAfee Brasil, José Antunes, atribui a preferência das pequenas e médias empresas pelo SaaS à facilidade de adaptação ao perfil de cada organização. "A crise fez com que as companhias procurassem serviços de uso mais fácil, por meio dos quais passam a ter, além dos produtos, todo o seu gerenciamento e ainda podem customizar uma série de regras e tipos de conteúdo para cada funcionário da empresa", comenta.
O executivo também considera que a relação custo-benefício do SaaS é muito boa, já que a empresa pode eliminar custos com hardware e com equipe interna de manutenção. "Qualquer gasto com hardware para empresas pequenas é pesado, e a adoção de SaaS é muito importante para esse tipo de negócio porque ele pode ampliar a área de TI de acordo com o crescimento da empresa", completa Antunes.
O analista de mercado de software da IDC Brasil, Samuel Carvalho, concorda com a visão de que a adoção de SaaS é uma saída viável principalmente por causa da relação de preços, mas conta que ainda não há uma cultura dessa modalidade comercialização de software no país. Ele diz que as empresas ainda resistem à ideia de deixar o controle operacional do servidor nas mãos do fornecedor e ainda gostam de tê-lo dentro de casa. "Os fornecedores ainda precisam evangelizar mais o mercado e mostrar que essa é uma solução segura que vem crescendo", aponta.
Carvalho acredita que essa é uma forte tendência de mercado e que o Brasil está aderindo à modalidade cada vez mais rápido. Segundo ele, o nível de penetração ainda é baixo, mas o crescimento é mais rápido do que no exterior. Para ele, o que falta é uma maior difusão desse novo formato. "Em termos de informação de negócios, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer", diz.
O CEO da desenvolvedora de software L3, Leando Lopes, crê que é necessário entender que a grande diferença do SaaS para o modelo convencional é a abordagem e não necessariamente a solução. Segundo ele, o software na modalidade de oferta como serviço é uma ferramenta que faz parte de uma estratégia maior, em que as empresas passam a comprar o processo inteiro e pagar pelo uso da propriedade intelectual do fornecedor.
Visão semelhante tem Eduardo Campos, gerente geral da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft. De acordo com ele, a companhia enxerga que a modalidade deve fazer parte de um conjunto de estratégias para atender melhor às necessidades específicas de cada cliente. "Oferecemos às empresas a possibilidade de um ambiente heterogêneo. O ideal é o cliente ter liberdade de escolha", aconselha.
Ao contrário dos demais fornecedores, a Microsoft preferiu concentrar a atuação em SaaS no mercado brasileiro nas grandes corporações, embora já tenhas planos de oferecer software como serviço para empresas menores. Campos explica que o foco nas grandes corporações se deve ao fato da maioria dos serviços ser oferecida para clientes que possuem a licença de uso dos softwares da empresa.
A grande tendência, segundo o executivo, é que as empresas adotam um ambiente híbrido, ou seja, de SaaS e de servidor de aplicações próprio, que sirvam a propósitos diferentes. Para Campos, "esse não é um remédio que deve ser adotado por todos". "Tudo depende da natureza e do objetivo do negócio de cada empresa." Lopes, da L3, concorda com essa visão e completa afirmando que o software como serviço deve ser oferecido como mais uma e não como a única opção para as empresas.

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