Fraudes documentais no setor financeiro: instituições devem investir em métodos combinados de prevenção

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Diariamente, documentos roubados ou falsificados são usados na aplicação de golpes no ambiente físico e online. Com essas informações pessoais em mãos, pessoas mal intencionadas podem se passar por outras em diversas situações. Os danos são ainda mais significativos quando as ações criminosas ocorrem dentro do sistema financeiro, como aberturas de contas bancárias em nome das vítimas, compras indevidas, solicitações de cartões de crédito ou empréstimos.

Felizmente, a conscientização das companhias sobre a necessidade de validar a identidade dos usuários com rigor tem dado resultados. De acordo com o Fraud Report Financeiro, levantamento da idwall, no  primeiro trimestre de 2024, o setor financeiro registrou uma queda de 40% na taxa de fraudes em documentos em comparação com o mesmo período do ano passado. O número é animador, porém as instituições financeiras devem seguir atentas, afinal o segmento é o mais visado pelos golpistas,  com uma taxa 2,4x superior do que outros ramos.

Segundo o material, embora as falsificações de baixa complexidade prevaleçam (65% do total), é possível observar uma tendência preocupante: um aumento de 16% nas fraudes de alta complexidade e 19% nas de média complexidade. Vale destacar que nos referimos à complexidade a partir de um olhar treinado de especialistas, que na idwall recebem treinamento forense para desenvolver o olhar minucioso necessário para não deixar passar nenhum detalhe.

Além disso, o estudo traz padrões comportamentais dos fraudadores brasileiros que se dedicam ao mercado financeiro. Os itens mais adulterados são foto e perfuração, representando cerca de 90% das fraudes em RG. Em 2024, o período com a maior taxa de fraude foi durante a noite, com 0,7% e teve seu pico isolado às segundas de madrugada com 1,13% de taxa.

Também tivemos a constatação de que os criminosos mudaram de tática na prova de vida. Em 2023, as fraudes se concentravam em fotos de tela (mais de 85% dos casos), mas em 2024 as tentativas se dividem entre fotos de tela (44%) e fotos do documento (40%).

Sem um procedimento efetivo de validação que ateste a autenticidade dos documentos, as instituições financeiras ficam expostas ao risco de aceitar um fraudador de identidade nas suas plataformas. O processo de verificação documental envolve ferramentas que utilizam Inteligência Artificial, como na funcionalidade OCR (Optical Character Recognition, em português Reconhecimento ótico de caracteres), que extrai dados da foto de um documento e converte a imagem em texto, para que o usuário não precise preencher os campos. Isso reduz fraudes e também erros de digitação, e torna tudo mais prático e rápido tanto para as empresas quanto para os consumidores.

Outra camada de segurança é a documentoscopia, que utiliza métodos automatizados e também avaliação humana especializada. Essa etapa revisa uma série de itens, como papel utilizado no documento, grafotecnia e mecanografia(análises da escrita manual e mecânica, respectivamente), exame de tintas, veracidade dos selos, identificação das chancelas utilizadas no período e se há sobreposição de fotos. Padrões de formatação, alinhamento e de fontes utilizadas também são pontos observados.

Mais uma forma de melhorar a validação dos novos usuários é a pesquisa em bancos de dados públicos e privados, o Background Check. Por meio da consulta, é possível checar, por exemplo, se o indivíduo possui pendência junto à Receita Federal e à Justiça, se tem dívidas, se o documento já foi invalidado em órgãos públicos por óbito, entre muitas outras referências.

A verificação biométrica também beneficia as instituições nesse contexto. Ao combinar funcionalidades como Face Match, Liveness e Facelink, a foto 3×4 do documento é comparada com uma selfie e é realizada a conferência se o número do CPF fornecido está relacionado à mesma pessoa em um banco de faces.

O mercado financeiro brasileiro é um dos mais avançados do mundo quando falamos de prevenção a fraudes, sobretudo com a publicação da Resolução Conjunta nº 6, normativa do Banco Central do Brasil (BACEN) e Conselho Monetário Nacional (CMN) que instituiu o compartilhamento de dados entre instituições financeiras. Medidas como essa e a adoção contínua de tecnologias são fundamentais para proteger a sociedade.

Danilo Barsotti, CTO da idwall.

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