SES desenvolve tecnologia de SVOD via satélite

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A SES está desenvolvendo tecnologia para oferecer serviços de vídeo sob-demanda na modalidade de assinatura (SVOD) via satélite. Um protótipo em operação será apresentada na edição deste ano da conferência IBC, que acontece entre os dias 10 e 14 de setembro, em Amsterdã. Segundo Jurandir Pitsch, presidente da empresa no Brasil, os primeiros minutos das obras disponíveis no catálogo do serviço ficarão armazenados no set-top box da solução. Quando o cliente selecionar o conteúdo que deseja assistir, o aparelho usará esses minutos para receber o restante do filme sem delay.

Sem depender de conexão banda-larga, a solução foi desenvolvida para atender regiões onde a velocidade média de conexão não suporta vídeos HD em soluções OTT típicas, como o Netflix e até mesmo os serviços de VOD das operadoras. "A empresa pode chegar em 100% do mercado. Hoje levaria décadas para chegar no interior do país, onde as pessoas querem esse tipo de serviço mas não tem estrutura para acesso", diz Pitsch.

A ideia da empresa é oferecer o serviço a operadoras de DTH que já figuram entre seus clientes e também diretamente para provedores de conteúdo. "São basicamente dois grupos: um cliente DTH nosso que queira ofertar esse serviço ou um produtor de conteúdo como Netflix, HBO ou ESPN que queira ir direto ao assinante para complementar o mercado atendendo quem não tem banda larga. Vemos as duas possibilidades", explica Pitsch. O serviço, no entanto, não seria igual ao ofertado via Internet. "No caso dos provedores de conteúdo, seria necessário adaptar o serviço. Na Internet, não há muito custo em adicionar conteúdo de pouca relevância em um catálogo extenso. Um serviço como o nosso é voltado para os títulos premium mais acessados, pois o custo em manter canais pouco relevantes é muito elevado", diz.

Além disso, explica Pitsch, trata-se de uma tecnologia direcionada para operações com muitos assinantes. "É um produto que não atende todo o mercado, pois depende de escala – no mínimo entre um e dois milhões de assinantes. Em quantidades menores, tecnologias como o Push VOD são mais econômicas", explica.

Futuro do satélite

O lançamento da nova tecnologia faz parte de uma série de iniciativa que a SES, assim como o mercado de satélites como um todo, vem tomando para garantir a relevância do setor no mercado de vídeo, em um cenário onde os serviços OTT e VOD ocupam cada vez mais espaço. "Temos grupos que acompanham o avanço desses tipos de serviço e evoluímos nossos serviços para que o satélite consiga acompanhar essa demanda", revela Pitsch.

Ele cita avanços como a solução Sat-IP, que converte o sinal recebido no satélite para IP, possibilitando a entrega do conteúdo em múltiplas telas, e tecnologias de VOD via satélite, como Push VOD e Near VOD. "Acredito que o satélite se manterá relevante até mesmo no VOD. Estamos desenvolvendo soluções para entregar esse conteúdo até mesmo em 4K e para grandes quantidades de pessoas", avalia.

Para o executivo, a tendência para os próximos anos é uma convivência entre sistemas OTT e lineares. "Na Alemanha já trabalhamos com sistemas híbridos, nos quais o assinante recebe o conteúdo linear via satélite e conteúdo de catch-up TV pela rede. O que vemos é o assinante cancelando alguns pacotes com conteúdo que pode ser encontrado nos serviços online. Mas para jornalismo e esportes, por exemplo, esses serviços não atendem o assinante e não acredito que isso mude nos próximos anos", diz.

Além disso, ele lembra que a participação do satélite na distribuição de conteúdo vai além das operações de DTH. "Nas próprias estruturas OTT, o carregamento para as periferias da rede é feito via satélite. No cabo, também, o sinal chega na operadora via satélite. Mesmo nessas novas plataformas, esse vídeo vai passar pelo satélite em algum momento".

Olimpíada e crise

Combinando investimentos em qualidade de imagem com transmissões ao vivo, grandes eventos esportivos costumam representar boas oportunidades para o mercado de satélites. Com a Olímpiada em 2016, diz Pitsch, não será diferente. A empresa espera demanda semelhante à da Copa do Mundo, quando comercializou 500 MHz de capacidade graças ao evento. "Apesar de ser um evento mais centralizado que a Copa, gera uma demanda por dois motivos. O primeiro é  jornalismo, uma vez que as equipes de cobertura acabam utilizando unidades móveis para cobrir o dia a dia dos times de diferentes nacionalidades – inclusive já estamos negociando com vários operadores internacionais. Além disso, mesmo quando se utiliza fibra para transmitir o sinal entre os principais centros, a redistribuição para outros países em continentes como África, Ásia e até América Latina, é feita por satélite", explica o executivo.

Em contrapartida, o momento desfavorável da economia brasileira e a recente estagnação do setor de TV paga nacional preocupam a empresa. "Vemos com preocupação, pois se a recessão permanecer por muito tempo, ela acaba afetando o mercado como um todo. Você não sente isso de imediato no setor de capacidade, pois somos parte da infraestrutura básica. Mesmo que um operador de DTH perca assinantes, ele não reduzirá a capacidade de imediato pois é um sistema multicast", avalia.

No final de 2016, a empresa lançará o SES-10 na posição 67ºW. A companhia afirma que a cobertura abrange a América do Sul, bem como o México e a América Central (incluindo o Caribe). O satélite irá cobrir parte do Brasil também, nas regiões de fronteira com a região andina. Além disso, a empresa comprou duas posições orbitais brasileiras nas licitações da Anatel em 2014 – 64ºW e 48ºW. Para 2017, está previsto o lançamento do SES-14 para a posição 48ºW. O satélite de altíssima capacidade (HTS) terá múltiplo spots em banda Ku e banda Ka e será dedicado sobretudo a serviços de dados, com uma capacidade total de 20 Gbps. "A situação atual não muda nossos investimentos, e os satélites já estão sendo construídos. Nossos principais investimentos estão previstos para 2017 e 2018 e até lá esperamos que a situação esteja melhor", diz Pitsch.

No caso de uma recessão prolongada, diz o executivo, a operadora optaria por realocar a capacidade dos satélites, sem prejuízo ao investimento. "O satélite tem uma vantagem em relação a outras estruturas que é a cobertura panregional – se o Brasil está com problema de recessão, Perú e Colômbia estão crescendo. Posso realocar a capacidade muito facilmente e, inclusive, mudar os satélites de posição e utilizá-los em outros mercados, em um movimento contrário ao que fizemos nos anos em que o mercado brasileiro cresceu rapidamente", conclui.

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