Na era da digitalização, em que a tecnologia está em constante evolução, a busca por soluções inovadoras e eficientes é essencial para a sobrevivência das empresas. Neste cenário, a Inteligência Artificial (IA) ganhou destaque no mundo corporativo ao despertar enorme interesse das empresas por suas amplas possibilidades de modernização e aprimoramento de processos complexos e dispendiosos. Dados recentes traduzem essa realidade.
De acordo com uma pesquisa da McKinsey sobre a adoção da IA generativa em 2024, 65% das empresas já utilizam essa tecnologia regularmente, quase o dobro do registrado em 2023. Esse crescimento exponencial reflete o impacto transformador da IA em diversas indústrias, que agora se veem impulsionadas a explorar a tecnologia não apenas para aumentar a eficiência operacional, mas também para abrir novos horizontes de inovação.
Nesse contexto, a computação de alto desempenho (HPC – High Performance Computing), é vital para alavancar os projetos de IA devido à sua capacidade de lidar com conjuntos de dados massivos e algoritmos complexos. Seus recursos de processamento paralelo aceleram os tempos de treinamento para modelos de aprendizado de máquina, permitindo desenvolvimento e interação mais rápidos. Os supercomputadores, em particular, otimizam o tempo de processamento e permitem avanços significativos em áreas como reconhecimento de imagem, processamento de linguagem natural e simulações em grande escala.
Por exemplo, modelos de linguagem amplamente utilizados, como aqueles empregados em assistentes virtuais como Bixby e Alexa, só se tornaram viáveis devido ao poder computacional da HPC. Devido a sua capacidade de processar grandes volumes de dados e realizar simulações avançadas, os supercomputadores se tornam cruciais para impulsionar avanços tecnológicos em áreas sensíveis como climatologia e em setores estratégicos, como de energia.
HPC: motor de uma revolução energética e climática
No setor energético, os HPCs têm sido fundamentais para projetar redes mais eficientes e resilientes. Grandes empresas do setor já utilizam supercomputadores para explorar fontes de energia com maior precisão e segurança. Além disso, os HPCs auxiliam no desenvolvimento de tecnologias para armazenamento de energia, permitindo maior integração de fontes renováveis, como solar e eólica, à matriz energética.
Os HPCs não apenas suportam a infraestrutura energética atual, mas também impulsionam avanços em sustentabilidade. Ao processar vastos volumes de dados de sensores e redes inteligentes, eles permitem a análise detalhada do consumo energético em tempo real, facilitando a identificação de padrões e a tomada de decisões mais ágeis e assertivas. Essa capacidade também se aplica ao desenvolvimento de soluções voltadas à eficiência energética e à mitigação de desperdícios. Com essas tecnologias, é possível projetar sistemas mais eficazes de distribuição e armazenamento, promovendo uma transição mais robusta e estratégica para fontes renováveis, como hidrogênio verde.
Além de sua importância no setor energético, os HPCs também desempenham um papel crucial na compreensão e mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Por meio de simulação de cenários, os cientistas conseguem avaliar a eficácia de políticas de mitigação e adaptação, como a implementação de barreiras costeiras ou mudanças em práticas agrícolas. Essa previsibilidade, ancorada em dados de alta precisão, transforma os supercomputadores em aliados indispensáveis para governos e empresas na construção de estratégias baseadas em evidências. Além disso, a integração entre HPCs e IA amplia ainda mais o potencial dessas análises, gerando insights que orientam decisões críticas em busca de um planeta mais resiliente e sustentável.
Desafios e caminhos para o futuro
Embora tenha alcançado avanços significativos, a adoção da computação de alto desempenho ainda enfrenta barreiras consideráveis. Os altos custos de infraestrutura, a escassez de profissionais especializados e os desafios relacionados à segurança e privacidade de dados são alguns dos principais obstáculos. No entanto, iniciativas colaborativas entre governos, empresas e universidades têm se mostrado eficazes na superação dessas limitações, promovendo maior acessibilidade e inovação.
A ética e a transparência no uso de HPC e IA também devem ser princípios centrais dessa transformação. Garantir que essas tecnologias sejam utilizadas de maneira responsável é essencial para que seus benefícios alcancem toda a sociedade.
Não resta a menor dúvida que a computação de alto desempenho não é apenas uma ferramenta, mas uma chave fundamental para moldar um futuro mais sustentável. Ao possibilitar avanços em setores essenciais, como energia e clima, ela nos permite enfrentar desafios globais com maior eficiência e criatividade.
O compromisso com a inovação, a colaboração entre setores e o investimento em talentos serão os pilares para maximizar o impacto transformador dessa tecnologia. O futuro está em nossas mãos, e a HPC é uma das ferramentas mais poderosas para construí-lo.
Carlos Eduardo Pavarina, Senior R&D Leader do SiDi.