A Dell está em negociações com a EMC, fornecedora de sistemas de armazenamento e gerenciamento da informação, para fundir suas operações e criar uma grande companhia com presença global. A informação é de pessoas com conhecimento do assunto, fornecida ao The Wall Street Journal, o qual avalia que o negócio pode afastar as dúvidas que pairam sobre o futuro da gigante do armazenamento de dados.
As fontes não souberam informar, porém, se as empresas estão discutindo a aquisição total ou parcial da EMC. A fabricante de sistemas de armazenamento tem considerado várias opções, desde que o jornal americano informou no ano passado que a empresa estava promovendo uma revisão em sua estratégica, e outras opções poderiam ainda estar sobre a mesa.
A notícia sobre as negociações fez com que as ações da EMC subissem 8,1% no after-hours trading nesta quarta-feira, 7, negociação após o fechamento do pregão normal da Bolsa de Nova York, negociadas a US$ 27,90.
A EMC tem valor de mercado de US$ 50 bilhões, o que significa que a operação, se concretizada, será uma das maiores da indústria de tecnologia. Desde ao ano passado, a companhia tem estado sob pressão para elevar o valor de suas ações pelo Elliott Management Corp., fundo de hedge que é administrado pelo controvertido bilionário Paul Singer, que adquiriu uma participação de 2% na EMC. O fundo tem pressionado a empresa a fazer o spinoff (cisão) da VMware, empresa líder mundial em sistemas de virtualização que hoje pertence à EMC, cujo valor de mercado é de US$ 34 bilhões. A EMC detém 80% da VMware.
Diversificação de mercado
Analistas afirmam que faria todo sentido para a Dell — que fechou o capital em 2013 —comprar uma grande operação de armazenamento de dados, e ressaltam que uma das maneiras de viabilizar o negócio seria a aquisição completa seguida por um spinoff.
Para fechar o capital, o CEO e fundador da Dell, Michael Dell, se associou ao fundo Silver Lake Partners, numa operação avaliada em US$ 25 bilhões. A compra da EMC seria uma maneira de lidar com a desaceleração do mercado de computadores pessoais, que tem sido impactado fortemente pelo crescimento das vendas de tablets e smartphones, e direcionar seu negócio para áreas mais lucrativas como de armazenamento de dados e segurança.
Talvez o único empecilho para a concretização do negócio é que a Dell ainda carrega uma dívida de US$ 11,7 bilhões, de acordo com a consultoria financeira FactSet. Não está claro também se ela financiaria a compra de parte ou da totalidade da EMC, nem tampouco o papel que o fundo Silver Lake irá jogar na transação.
A EMC divulga os resultados financeiros trimestrais no dia 21 deste mês, e alguns analistas especulam que a empresa tem até lá para anunciar um acordo com a Dell ou se arriscar a lançar uma "proxy fight" (disputa de votos) para substituir os membros atuais do Conselho de Administração por meio da obtenção de procurações do maior número possível de acionistas da companhia.
A aquisição ou outro grande negócio também poderia resolver outra questão que tem pairado sobre a EMC: o destino de seu presidente-executivo, Joe Tucci, que indicou que pode se aposentar no início do ano que vem, embora até o momento nenhum plano de sucessão tenha sido anunciado.
Em setembro do ano passado, o The Wall Street Journal já havia noticiado que a EMC estava em fase adiantada de conversações sobre uma possível fusão com a própria Dell e a HP. No caso desta última, a negociações foram suspensas quando a HP anunciou, em outubro, planos de se dividir em duas.