Depois das duras críticas feitas pelo FBI, a polícia federal americana, agora foi a vez do procurador do Tribunal Distrital Federal em Manhattan, Cyrus Vance Jr., reprovar o fato de a Apple e o Google terem ampliado os recursos de criptografia em seus sistemas operacionais para dispositivos móveis, que possibilitam que os dados e mensagens dos usuários do iOS e Android fiquem fora do alcance das polícias e agências de inteligência dos Estados Unidos.
Em setembro do ano passado, as duas empresas anunciaram a inclusão de recursos avançados de criptografia em seus dispositivos. A Apple incorporou o recurso no iOS 8, que passou a contar com um protocolo de proteção de dados que fará com que a empresa não possa cumprir um mandado do governo, mesmo que queira. O Google também desenvolveu um recurso de criptografia automática para a nova versão do Android, depois de oferecê-lo como uma opção por mais de três anos.
Durante palestra na Conferência Internacional sobre Segurança Cibernética, na quarta-feira, 7, em Nova York, Vance disse que os novos smartphones estão "vedando a aplicação da lei" e falou sobre a ameaça que representa para a segurança pública, segundo a Bloomberg Nrews.
O procurador alertou os participantes que, se os fabricantes tornam impossível a aplicação da lei para recuperar dados de smartphones, a polícia não conseguirá resolver assassinatos ou crimes, principalmente contra crianças. "Eles eliminaram a acessibilidade com a intenção de vender produtos", disse Vance. "Agora temos de descobrir como resolver um problema que não criamos."
O CEO da Apple, Tim Cook publicou uma declaração em 18 de setembro detalhando novas medidas de segurança da empresa para iOS 8. "Os consumidores estão passando a exigir comunicações mais seguras, especialmente à luz das revelações de Edward Snowden, por isso é uma jogada inteligente para qualquer empresa de tecnologia a implantação de criptografia no dispositivo", disse ele à época.
É perfeitamente legal que as empresas aumentem o grau de segurança dos smartphones por meio da criptografia, de maneira que nem mesmo elas possam ter acesso ao que está nos dispositivos. A legislação dos EUA não exige que operadoras de telecomunicações permitam o acesso aos sistemas.
Mas, sem dúvida, dificulta a aplicação da lei. Em setembro do ano passado, o chefe dos detetives da Polícia de Chicago disse que a dificuldade de quebrar o sistema de criptografia de um iPhone "impediu a prisão de um pedófilo".