IPv6: Portas abertas para a era da "Internet das Coisas"

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Em 1988, a internet iniciou suas atividades comerciais deixando de ser uma rede exclusivamente acadêmica para tornar-se uma ampla conexão global. Na sua primeira fase, o objetivo era interligar máquinas, hoje a internet une pessoas, empresas e instituições. Assim, vivemos uma grande transformação, que foi o berço das redes sociais, que se tornam, cada vez mais, meios de comunicação mais usados do que os métodos tradicionais.
Uma nova fase da internet está começando. Com ela, vem a capacidade de integração de todo e qualquer dispositivo, exigindo cada vez mais disponibilidade de números de IP, utilizados para o encaminhamento de dados entre dois ou mais dispositivos – não necessariamente computadores tradicionais. No passado, estimava-se que quatro bilhões de IPs seriam suficientes para atender a demanda por décadas, porém, o protocolo utilizado atualmente, IPv4, já tem mais que 95% de seus endereços alocados, tornando-se assim um obstáculo a ser superado.
Esse problema é antigo. Já em 1992, surgiram as primeiras iniciativas para repensar a organização de endereçamento IPv4. Ações como o CIDR (RFC 4632) e o NAT – com o princípio básico de extinguir o uso de classes de endereços, permitindo a alocação de blocos de tamanho apropriado à real necessidade de cada rede – acabaram ampliando a vida desse IP, apesar de paliativas. Ainda na mesma época, houve a criação do Grupo IP Next Generation (IPng), que iniciou um trabalho em prol do novo protocolo. Com a avaliação dessas e outras propostas, foi definida, em 1996, a primeira versão do IPv6, que foi oficializada em 1998 – pela RFC 2460 – e oficialmente lançada em junho deste ano.
O IPv6 é fruto do esforço do IETF – Internet Engineering Task Force, comunidade internacional preocupada com a evolução da arquitetura da internet – para criar a nova geração do IP, que tem como objetivo em longo prazo substituir o IPv4, uma vez que o número de suas possibilidades são praticamente infinitas: estima-se que seja um número superior a 341 decilhões de IPs disponíveis.
É fato que esse novo protocolo resolverá o problema de limitação do endereçamento IPv4, mas, embora isso seja altamente relevante, vale destacar que o IPv6 gerará um novo paradigma de rede e mobilidade. Com ele, o novo mundo será conhecido como a era da "Internet das Coisas", pois possibilitará que tenhamos conexão em todos os dispositivos eletrônicos e, inclusive, em eletrodomésticos. A grande vantagem é que tudo isso será possível sem preocupações com a economia de IP, pois haverá disponibilidade para qualquer pessoa, empresa e quaisquer dispositivos que precisem ser conectados à Internet.
Devido a esse cenário de franco crescimento, a demanda por profissionais com expertise em protocolo IPv6 já é grande e tende a aumentar cada vez mais. Esse é mais um dos desafios que serão enfrentados pelos envolvidos nesse processo, pois atualmente o número de profissionais disponíveis no mercado é pequeno, devido também à oferta restrita de treinamentos especializados. Nesse sentido, o NIC.br tem feito um trabalho importante para treinar os especialistas de empresas e também professores da área da tecnologia.
Dentre as ações realizadas pelo órgão, a parceria com instituições de ensino de Tecnologia da Informação é um dos exemplos mais promissores e que tende a formar mão de obra capacitada em um menor espaço de tempo. Por meio de cursos ministrados por profissionais do NIC.br, professores são preparados para tornarem-se multiplicadores do conhecimento desse novo protocolo.
O IPv4 se esgotou e o IPv6 resolve o problema ampliando exponencialmente as possibilidades de conexão. Com isso, também expande a mobilidade e abre uma ampla gama de oportunidades para novos serviços, aumentando a demanda por profissionais especializados. Por isso, podemos afirmar com segurança: uma nova era de possibilidades já começou e o momento do IPv6 é agora.

Sandro Melo é coordenador do curso de Redes de Computadores da BandTec, Faculdade de Tecnologia do Colégio Bandeirantes
 

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