Localizado no bairro de Vila Mariana, na capital paulista, o Hospital da Luz, da Amil, adquiriu, em março deste ano, o dispositivo Kinect, o controle de games da Microsoft que reconhece movimentos, para auxiliar os médicos nas cirurgias, além de dinamizar as atualizações sobre o estado de saúde tanto para os profissionais quanto para pacientes e acompanhantes.
A principal funcionalidade do Kinect adaptada para o hospital é permitir que os médicos acessem em um telão informações, exames, radiografias, tomografias e o prontuário dos pacientes durante os procedimentos cirúrgicos, sem a necessidade de contato físico. “Em ambientes onde a esterilização e atenção do profissional ao procedimento são diferenciais, esta tecnologia é muito bem aplicada”, destaca Leonardo Simões, gerente de business intelligence (BI) da Amil e idealizador do projeto.
Além disso, a tecnologia colabora de outra forma: o tradicional quadro branco – onde se liam as escalas de procedimentos do dia e o responsável pelo controle manual da agenda cirúrgica – foi substituído. “Há agora um painel eletrônico com informações completas sobre horários, cirurgias, detalhes, os médicos responsáveis e o andamento, atualizando em tempo real”, explica Simões. O método anterior, segundo ele, não gerava perda de produtividade, mas fazia com que as “informações ficassem com uma pequena defasagem”.
Atualmente, para ver os detalhes, os médicos se posicionam diante da tela e acessam as informações da mesma forma que acontece no centro cirúrgico, apenas movimentando as mãos e simulando cliques sobre o que se deseja visualizar.
A ideia de inserir a tecnologia no dia-a-dia do hospital nasceu, de acordo com Simões, de uma pesquisa feita com parentes e acompanhantes de pacientes que passavam por cirurgias. “Ao perguntar a eles qual o grau de angústia que sentiam enquanto aguardavam informações sobre o andamento das operações, a equipe do hospital descobriu que poderia criar uma TV que mostrasse o nome do familiar e o status da cirurgia”, conta. “A ideia de montar um painel televisivo gerou outra: 'já que vamos fazer um para os pacientes, por que não para a sala de cirurgia?'”, comenta Heraldo Jesus, diretor técnico do hospital.
Após decidir pelo projeto, a equipe de BI da Amil retornou ao hospital em 15 dias, não apenas com o projeto para a sala de espera, mas com a ideia de criar um sistema de consulta de informações médicas em uma tela ligada a um computador conectado ao banco de dados, dentro do centro cirúrgico, feito por meio do Kinect. “Nele, a própria mão do médico funcionaria como mouse para acessar às informações projetadas em um telão”, explica Simões.
O sistema começou a ser desenvolvido em outubro de 2011 e foi implantado no Hospital da Luz em março de 2012.
Investimento no projeto
Usando o hardware e o software padrão do hospital como premissas do projeto, as únicas aquisições necessárias para o funcionamento da solução foram os televisores e sensores Kinect. A solução conta com apenas uma empresa fornecedora: a Microsoft, com a qual, inclusive, a equipe da Amil confessa ter estreitado o relacionamento por conta da tecnologia. “Depois da implantação, fomos convidados para um evento no Panamá para divulgação”, comenta Simões.
O executivo não revela o investimento, mas diz que o projeto se baseou em três vertentes: tempo de projeto, custo e desenvolvimento interno. Esse último se justifica por não encontrarem parceiros tecnológicos “estruturados para nos suportar e investirmos na tecnologia”, explica. Por esse motivo, todo o custo foi próprio, baseado no “reaproveitamento de recursos correntes da TI”.
Apesar de ainda não ter medido o retorno financeiro, o hospital tem expectativa de que seja imediato. “O custo do projeto foi baixo e o resultado será compartilhado com todos os hospitais da Amil”, explica Simões. Dessa forma, ele afirma que os benefícios “intangíveis são de grande valor”, alegando a facilidade de gestão do centro cirúrgico e a satisfação dos clientes.
Ele diz que os esforços da equipe de TI da Amil e do Hospital da Luz resultaram em benefícios práticos. Utilizado por cirurgiões e enfermeiros dos centros cirúrgicos, Simões cita os quatro principais valores gerados pela solução: a criação de um processo novo para informação aos familiares durante o ato cirúrgico; maior detalhe de informação para o profissional médico do centro cirúrgico; disponibilidade de exames de imagem durante o ato cirúrgico, sem o auxílio das mãos; e, por fim, a mensuração precisa do ato cirúrgico.
A utilização do sistema trouxe mudanças concretas: permitiu a “aferição com precisão da utilização das salas cirúrgicas por profissional”, conta Simões, acrescentando que tal registro possibilitou a disponibilização dos dados para uma gestão precisa do centro cirúrgico e suas equipes. “Com a implantação, as informações ficaram atualizadas, possibilitando a gestão online do centro cirúrgico”, reforça.
Conforme explica Simões, o projeto pode ser aproveitado por qualquer outra instituição médica, tendo em vista que o Kinect é, na verdade, “uma tecnologia livre, que pode ser adaptada a diversos propósitos na área de saúde”, finaliza.
