As empresas chinesas de internet devem enfrentar uma nova realidade com a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA — e o Alibaba é o que tem mais a perder.
Durante sua campanha, Trump prometeu restringir o comércio global, alegando que a China está "nos matando" com sua política comercial. Ele disse que irá tarifar produtos chineses em até 45%. Se, de fato, as políticas restritivas de comércio do novo presidente forem implementadas, não apenas o Alibaba, mas os gigantes chineses Baidu e Tencent também serão afetados.
A diferença é que, enquanto o Baidu e Tencent focam mais no mercado interno chinês, o Alibaba tem parte significativa de seus negócios ligados ao comércio com os EUA. Tarifas mais altas sobre os produtos chineses diminuirão a demanda em seu site AliExpress, onde os varejistas chineses vendem para os consumidores norte-americanos.
A preocupação é tamanha que o vice-presidente do Alibaba, Joseph Tsai, pediu ao presidente eleito que se concentre realmente nas relações com a China, um vasto mercado para bens americanos que pode, inclusive, criar postos de trabalho nos EUA à medida que sua economia cresce.
Tsai, um dos fundadores do Alibaba junto com Jack Ma, é um dos líderes empresariais mais proeminentes do país e pediu a Trump que não adote uma doutrina isolacionista. "A relação entre a China e os EUA vai definir o nosso século", disse ele a repórteres em Shenzhen nesta quinta-feira, 10. "Se você não tem consumidores chineses sendo contratados e comprando produtos americanos, e investidores chineses não podem investir nos EUA e criar mais empregos americanos, então você estará em apuros."
Apesar disso, o Alibaba disse em comunicado que seu foco primário no curto prazo não são os consumidores dos EUA, e que a prioridade é tentar ganhar participação nos mercados em desenvolvimento. Mesmo assim, para a empresa, que já enfrenta uma desaceleração da economia doméstica, a eleição de Trump só agrava seus temores.
Para analista, a postura de Trump, na verdade, é o que determinará a decisão do Alibaba de atingir em larga escala ou não os consumidores nos EUA no longo prazo. Eles observam, contudo, que se novas políticas afetarem a China, ela também pode retaliar e aumentar as tarifas para produtos norte-americanos. Com agências de notícias internacionais.