O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou na terça-feira, 9, o orçamento final de seu governo, com um plano para o ano fiscal de 2017, que vai colocar suas propostas de despesas para prioridades que vão do combate ao crime cibernético à ajuda aos mais pobres.
Embora improvável que seja aprovado pelo Congresso controlado pelos republicanos, o Plano de Ação de Segurança Cibernética (CNAP, na sigla em inglês) detalha uma parte fundamental da segurança digital, incluindo desde critérios para a compra de produtos por órgãos da administração federal até o relacionamento com as empresas de mídias sociais e fornecedores de tecnologia.
Desenvolvido e discutido dentro do governo por mais de sete anos, o CNAP prevê um investimento de mais de US$ 19 bilhões do orçamento para a ciberssegurança, o que, se aprovado, representará um aumento de mais de 35% em relação ao ano passado.
O plano, segundo o assistente especial do coordenador de segurança cibernética do governo Obama, Michael Daniel, será uma espécie de "pedra angular" da política americana de segurança cibernética, a qual propõe ações de curto prazo e coloca em prática uma estratégia de longo prazo para garantir que o governo federal, o setor privado e os cidadãos americanos possam ter um maior controle e segurança no meio digital.
"Desde o início de sua administração, o presidente Obama deixou claro que a segurança cibernética é um dos desafios mais importantes que enfrentamos como nação, pois os criminosos, terroristas e países que desejam nos fazer mal perceberam que nos atacar online é muitas vezes mais fácil do que fisicamente. E com mais e mais dados sensíveis estão armazenados online, as consequências desses incidentes cibernéticos são cada vez mais significativas", salienta Daniel.
Como exemplo ele cita o roubo de identidade, um dos crimes cibernéticos que mais cresce na América. "Embora ferramentas como Facebook e DropBox tornem nossas vidas mais simples e ajudem a inovação no mundo, armazenam nossas informações pessoais online, o que é um alvo fácil para esses criminosos", disse.
Comissão de ciberssegurança
Entre as propostas do CNAP está a criação de uma comissão nacional de ciberssegurança que terá foco estratégico e de negócios, e reunirá especialistas em segurança de fora do governo para fazer críticas e recomendações sobre como usar novas soluções técnicas e as melhores práticas para proteger a privacidade e a segurança pública. O plano também transforma a maneira como o governo administra a segurança cibernética por meio da proposta de criação de um Fundo de Modernização de Tecnologia da Informação de US$ 3,1 bilhões e um Escritório Federal de Segurança da Informação para ajudar a reformar, substituir e modernizar o legado de TI em todo o governo.
Ele prevê ainda a capacitação dos americanos para proteger suas contas online, usando ferramentas de segurança adicionais — como autenticação e outras etapas do processamento de identidade — e também o trabalho em parceria com o Google, Facebook, DropBox, Microsoft, Visa, PayPal e Venmo para proteger contas online e transações financeiras. O governo vai fornecer também treinamento em segurança cibernética para mais de 1,4 milhão de pequenas empresas.
O governo também irá dobrar o número de conselheiros de segurança cibernética para ajudar as organizações do setor privado a implementarem as melhores práticas. O plano prevê o desenvolvimento um Programa de Garantia de Segurança Cibernética em parceria entre o governo e a indústria dos EUA para testar e certificar dispositivos de rede para "Internet das Coisas", envolvendo desde refrigeradores a bombas de infusão médicas, de modo que quando o consumidor adquirir um desses produtos terá certeza de que foi certificado para atender aos padrões de segurança.
De acordo com Daniel, como não há uma "bala de prata" para garantir plenamente a segurança dos dados, o presidente tem trabalhado para melhorar as medidas de segurança em inúmeras de nossas atividades diárias. "No ano passado, ele lançou a iniciativa BuySecure (compre com segurança) para tornar o mercado de pagamentos mais seguro, com a implantação de microchips e PINs em cartões de crédito, em substituição aos cartões de tarja magnética."