Curiosidade X Diploma

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Foi-se o tempo em que um diploma era o marco zero de uma promissora carreira, que poderia se estender para especializações bem pensadas, mestrados e doutorados com longas teses construídas em longo prazo. Hoje, uma nova habilidade precisa ser aprendida rápida, porque daqui a um ou dois anos, o mundo já mudou tanto, que ela não valerá mais. Bem vindo ao lifelong learning!

A tecnologia avança sem parar em uma velocidade infinitamente superior à do cenário acadêmico. Enquanto universidades montam um curso, até ele ficar pronto, aquela grade curricular já está obsoleta. Não é difícil chegar a essa conclusão. Segundo pesquisa da IDC encomendada pela Salesforce, até 2022, devem ser criadas 195 mil novas vagas em TI no Brasil. No mundo, serão 3,3 milhões de novos empregos na área. O problema está em como e quem vai preenchê-las.

Qualificação sempre foi uma questão para todos os setores da indústria, claro, mas em TI o buraco é mais embaixo. Muito por conta da velocidade da evolução da tecnologia versus o aprendizado e preparo de profissionais em salas de aula.

Observando esse cenário e vivendo na pele a dificuldade de encontrar pessoas para minhas equipes de Design e Tecnologia, cheguei à conclusão de que quem está aqui sentado comigo são pessoas, antes de tudo, curiosas. Profissionais que, independente do diploma – caso tenham, pois há os que nem possuem – saíram em busca de conhecimento disponível no vasto mundo da internet. Alguns, autodidatas, outros, ávidos por entender e atuar em prol da evolução da tecnologia com suas próprias mentes e braços. Cabe às empresas também se soltarem cada vez mais dos pré-requisitos acadêmicos, caso sejam da área de TI, e buscarem formar seus profissionais no dia a dia, aproveitando suas principais características e não necessariamente o que estudaram numa pós há três anos. Menos currículo, mais vitae.

Pena que a curiosidade e o autodidatismo não são características inerentes a qualquer indivíduo. Para trabalhar com transformação digital, com inovação, design e tecnologia, antes de qualquer currículo, é preciso ser curioso e aprender a aprende rápido. Esses têm mais chances de se tornarem os profissionais que as 195 mil cadeiras vão precisar nos próximos quatro anos.

Lorenzo Mendoza, diretor geral da PorQueNão?

2 COMENTÁRIOS

  1. Texto muito realista! Num momento em que nossa educação está em crise profunda, como não se via desde os anos 70, do século passado, assusta-nos a perspectiva de que nossos jovens não tenham uma visão de futuro. Os professores, mentores dessas cabeças, precisam ser os primeiros a tomar consciência disso.

  2. Retrato do momento em que vivemos nas escolas e o despreparo na elaboração dos currículos engessados. Bom seria que desde o fundamental 1 os alunos aprendessem a pensar e criar a partir das suas vivências. Sempre defendi que "aprender a aprender" é o melhor, senão o único caminho existente não só na TI mas em todas as outras áreas. Parabéns Lourenço Mendoza pelo texto!!!

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