Celulares e fornecedores ressaltam necessidade de espectro

0

A escassez de espectro para suportar o avanço da banda larga móvel foi tema de painel realizado nesta quinta-feira, 12, no 3º Acel Expo Fórum, em Brasília. Um estudo apresentado por Maurício Cascão, diretor de inovação tecnológica da TIM, permite prever o momento em que poderá não haver mais espectro para acomodar todos os usuários. Cascão mostrou uma simulação da evolução do mercado de banda larga móvel na região metropolitana de São Paulo. A data limite é entre 2010 e 2011, quando as operadoras poderão se deparar com problema de falta de espectro. "Em 2010 chegaríamos a 3 milhões de usuários (na área estudada). A partir de 2011 a demanda de cerca de 8 milhões de clientes supera a capacidade disponível de espectro – que dará conta de apenas 4 milhões", detalha ele. Cascão explica que essa simulação parte de uma série de pressupostos, mas que mais cedo ou mais tarde, se a Anatel não alocar novas faixas para o SMP, a falta de espectro poderá impedir o crescimento da banda larga móvel, reduzir a qualidade de serviço ou a velocidade de banda.
A apresentação de Cascão foi uma análise do resultado imediato de uma tedência que ocorre nos países emergentes, mostrada por Peggy Johnson, vice-presidente da Qualcomm para as Américas e Índia. Segundo ela, as economias emergente vão representar mais de 70% dos assinantes globais de banda larga móvel em 2012.
O número se deve ao fato de que nesses países a universalização da banda larga está acontecendo através das tecnologias móveis e não das fixas, como cable modem ou ADSL. "Hoje 4 bilhões de pessoas usam celular, contra 1 bilhão de PCs. O celular é a plataforma de comunicação do futuro", diz ela. Peggy também citou uma projeção, segundo a qual tecnologias de terceira geraçao serão responsáveis por 80% dos assinantes de banda larga móvel em 2013.
José Augusto de Oliveira Neto, diretor de tecnologia da Vivo, lembrou que o Brasil é um dos países com menor disponibilidade de espectro para a telefonia móvel. Ele argumenta que as operadoras trabalham "no limite da tecnologia" – ou seja, usando sempre aquelas versões que apresentam um uso mais eficiente de espectro, o que pressiona os custos. Ricardo Tavares, vice-presidente da GSM Association, acrescenta ainda que as operadoras móveis usam apenas 4% do espectro disponível e será necessário multiplicar por três a quantidade de espectro para banda larga móvel no futuro.
Anatel
Todo esse cenário pode ser considerado um pano de fundo para uma das mais aguardadas decisões da Anatel nos últimos anos: a destinação da faixa de 2,5 GHz. Na opinião da GSM Association, trata-se, na verdade, da mais importante decisão da agência brasileira desde 2000, quando houve a troca do Serviço Móvel Celular pelo Serviço Móvel Pessoal, o que possibilitou a entrada de novas operadoras nas bandas C, D e E nos anos seguintes. Na opinião de Ricardo Tavares, dependendo de como a Anatel arranjar a faixa de 2,5 GHz, a decisão poderá significar uma "crise de confiança" dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil. E pelo menos até aqui, a proposta da Anatel não é a que mais agrada os defensores do LTE – evolução da família GSM, que compete com o WiMax como padrão dominante de banda larga móvel. A área técnica da Anatel encaminhou para análise do conselho diretor uma proposta que destina 80 MHz da faixa de 2,5 GHz para o SMP. O restante, ou seja, 110 MHz, ficariam para o MMDS e o SCM. A GSM Association, a Qualcomm e as operadoras móveis acreditam que para explorar de forma plena as potencialidades do LTE é necessário 140 MHz. A melhor divisão na opinião da Qualcomm seria de dois blocos de 70 MHz (para tecnologias FDD – onde a transmissão e recepção do sinal acontecem em faixas diferentes) e um bloco no meio de 50 MHz para tecnologias TDD (onde a recepção e trasmissão do sinal acontece na mesma faixa), como é o caso do WiMAX. Nessa divisão seria possível alocar quatro operadoras móveis com 20 MHz cada uma e uma operadora com 10 MHz. Paulo Breviglieri, presidente da Qualcomm no Brasil, lembra que essa diferença de espaço para a quinta operadora poderia ser suprida pela destinação de parte da faixa de 700 MHz (que hoje é ocupada pelas transmissões de TV em UHF) ao SMP.
"A Clearwire está utilizando 30 MHz para WiMAX em uma rede nacional. As empresas de MMDS não precisam de 190 MHz", protesta Ricardo Tavares. Com relação à banda de 700 MHz, Tavares acredita que ela não será objeto de grandes disputas no Brasil. Trata-se de uma faixa extensa, com 400 MHz, e, segundo ele, a telefonia móvel vai precisar de apenas 120 MHz. No entando, trata-se de uma porção do espectro que só poderá ser utilizada após 2016, quando terminar a transição da TV analógica para a TV digital.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.