Quando iniciei minha carreira na área de telecom nos anos 2000, a velocidade da mudança e o dinamismo da conectividade já eram impressionantes. No entanto, o que vivemos nos últimos anos foi uma aceleração digital sem precedentes: com o processo de miniaturização e barateamento dos eletrônicos, que viabilizou economicamente a tecnologia de fibra óptica, impulsionado também pela pandemia, grande parte de nossas vidas migrou para plataformas online.
Hoje, o mundo está imerso em uma rotina permeada pela conexão digital. Mais de 5 bilhões de pessoas possuem perfis nas redes sociais, de acordo com um estudo da Kepios divulgado neste ano. No universo da Internet das Coisas (IoT), o número de dispositivos conectados chegou a 14 bilhões em 2021, e deve ultrapassar 30 bilhões até o próximo ano, de acordo com previsões do Statista.
Esses números representam bilhões de dados trafegando diariamente por uma internet que precisa ser cada vez mais robusta e de alta qualidade para sustentar o volume de tráfego crescente. A demanda por uma "boa internet" é perceptível tanto nas residências quanto nas empresas. Um exemplo simples: a maioria das pessoas, ao usar smartphones, conecta-se a redes Wi-Fi acreditando que a conexão terá mais velocidade e estabilidade sem limite de dados, mesmo que já tenham acesso a redes móveis 4G ou 5G.
Além disso, dispositivos como tablets, notebooks e TVs inteligentes dependem do Wi-Fi para transmissões de streaming ou até mesmo para serviços mais exigentes, como atendimentos médicos e cirurgias remotas, que requerem alta velocidade e baixa latência. O Wi-Fi tornou-se essencial para a banda larga fixa, conectando dispositivos sem fio em residências e empresas.
O futuro com o Wi-Fi 7
A boa notícia é que uma inovação está prestes a transformar esse cenário: o Wi-Fi 7. Essa tecnologia promete melhorar a qualidade da conexão em todos os aspectos, sendo até cinco vezes mais rápida do que as redes atuais. O Wi-Fi 7 trará redes sem fio mais rápidas, estáveis e seguras, com melhorias em criptografia (WPA3) e autenticação, garantindo maior segurança para os usuários.
Em eventos e debates setoriais, a adoção do Wi-Fi 7 é um tema recorrente. O Brasil, com uma densidade de acessos de banda larga fixa de 23,2 a cada 100 habitantes, já ultrapassa a média global de 19, segundo dados da ITU de 2023. Isso representa quase 50 milhões de acessos, conforme dados da Anatel, sendo que mais de 54% deles são de Provedores Regionais de Internet. As redes Wi-Fi são, portanto, uma extensão indispensável para os usuários residenciais e empresariais.
A discussão sobre a evolução do Wi-Fi é pertinente: o Brasil passou de uma velocidade média contratada na banda larga fixa de 186 Mbps em 2021 para 417 Mbps em agosto de 2024, de acordo com a Anatel. A meta do órgão regulador é chegar a 1 Gbps até 2027, sendo a evolução do Wi-Fi crucial para esse salto de velocidade.
Atualmente, temos à disposição o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E, que já oferecem um grande avanço na qualidade de conexão. Porém, o Wi-Fi 7 se destaca pela sua velocidade, sendo até cinco vezes mais rápido do que o Wi-Fi 6 e proporcionando uma latência extremamente baixa. Ele permite conectar mais dispositivos sem comprometer a velocidade, graças a recursos como OML (Operação Multi-Link), que gerencia a otimização do espectro, permitindo o uso simultâneo das faixas de rádio frequência (2.4Ghz, 5Ghz e 6Ghz), ou quaisquer combinações entre elas. Com isso, será possível extrair a melhor característica de cada faixa, garantindo uma experiência ímpar ao usuário.
Desafios e oportunidades para o Wi-Fi 7
O Wi-Fi 7 é uma inovação empolgante para o mercado e os consumidores, segundo o relatório anual da WBA, quase metade das operadoras espera lançar a nova tecnologia nos próximos 12 meses. No entanto, a evolução tecnológica exige segurança regulatória, como a manutenção da faixa de 6 GHz para o uso de equipamentos Wi-Fi, aprovada pela Anatel em 2021, mas que está em discussão em uma Consulta Pública. Para que o progresso da conectividade continue, é essencial manter essa faixa de frequência totalmente dedicada ao WiFi, fundamental para a evolução dos equipamentos desta tecnologia.
Outro ponto relevante é o fortalecimento da indústria nacional. No Brasil, roteadores específicos para o Wi-Fi 7 já estão sendo fabricados, o que deve tornar os equipamentos mais acessíveis do que os importados.
O mercado de banda larga está ansioso pela evolução para o Wi-Fi 7, que trará uma nova era na conectividade e qualidade para a internet fixa e a democratização da digitalização do Brasil, além de empoderar milhões de brasileiros.
Denis Ferreira, CEO da Alares.