A tecnologia 5G, que entre outras coisas promete conexões à internet de altíssima velocidade, viabilizando a chamada Internet das Coisas, segue crescendo: até o final desse ano o número de usuários deve chegar a 190 milhões, e no final de 2025, a 2,8 bilhões. Esses números foram divulgados pelo Mobility Report 2020, produzido pela Ericsson, empresa com forte presença na área.
A GSA, entidade que reúne fornecedores de equipamentos de telecomunicações, diz que já estão no mercado cerca de 70 diferentes equipamentos que podem utilizar 5G, dentre eles, celulares, tablets e drones, número que deve crescer rapidamente.
Com relação à infraestrutura necessária à implementação de 5G, o instituto de pesquisas Gartner diz que os investimentos na área atingirão, ainda em 2020, mais de 8 bilhões de dólares, o dobro do valor investido em 2019.
Cerca de metade dos investimentos em 5G acontecerá na China, onde se observa uma grande expansão da infraestrutura e um aumento na venda de smartphones que suportam essa tecnologia; um terço dos celulares vendidos na China estão preparados para acessar redes 5G. Os celulares serão a ferramenta mais popular de acesso a essas redes e apenas aqueles projetados para esse acesso poderão ser usados para isso.
Atentos para esse fato, os grandes fornecedores de celulares estão lançando modelos que suportam 5G: Huawei, que acaba de tornar-se a campeã em vendas de celulares, Samsung e Apple já estão enfrentando a concorrência de empresas que tem fatias menores do mercado, e que estão procurando ganhar espaço fornecendo modelos mais baratos; dentre essas, temos a Lenovo e Xiaomi.
No Brasil, falava-se que teríamos 5G operando ainda neste ano, mas a lentidão com que o processo vem sendo conduzido nos leva a acreditar que, com muito otimismo, começaremos a utilizar 5G em escala muito pequena em 2021. Ainda não foi publicado o edital que regulará o leilão das faixas de frequência 5G; depois do leilão será preciso implementar toda a estrutura necessária, como a antenas, computadores, software etc.
E o pior é que parece estarmos sendo levados a tomar partido na guerra comercial que China e Estados Unidos travam em torno de 5G. O que nos parece certo é que, não importa quem vença essa guerra, o Brasil sairá dela derrotado.
Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.