Empresas que buscam captação no mercado de crédito nem sempre têm facilidades para encontrar um financiador disposto a liberar o recurso. Características específicas da companhia, como setor de atuação, indicadores financeiros e operacionais, além do tipo de crédito almejado, podem tornar a operação ainda mais difícil de concluir.
Observando essa dificuldade e para facilitar a intermediação de empresas que procuram crédito para se financiar, a startup F(x) criou uma plataforma que se assemelha com o famoso aplicativo de paquera Tinder. A plataforma foi lançada no início de 2015 e em meados do ano se associou ao grupo eGenius Founders. A holding é especialista em empresas de tecnologia e fez investimento na plataforma de busca de crédito. O objetivo é dar o suporte necessário para se consolidar no mercado nacional.
Funciona da seguinte forma: os bancos se cadastram no site e colocam informações sobre o tipo de crédito que estão dispostos a conceder. As empresas, por sua vez, criam um perfil com informações sobre o negócio, o setor em que atuam e o tipo de crédito que procuram. A partir dai, entra um algoritmo elaborado pela startup que cruza os dados de quem concede e de quem toma crédito e identifica. Aqueles com maior semelhança entre si dão o "match". Quando isso acontece, as partes são notificadas com informações detalhadas.
O empreendedor por trás da ideia foi o ex-sócio da gestora Hedging Griffo – hoje do Credit Suisse -, o financista Dan Cohen. A ideia nasceu após ele deixar a Griffo e ter tido uma experiência em um hedge fund, nos EUA, e no banco Pine. "As empresas brasileiras são muito mal atendidas quando o assunto é crédito", afirma Cohen, que sempre trabalhou nesse segmento, desde a estruturação até a análise de crédito.
Além disso, a plataforma permite que profissionais autônomos possam utilizar a tecnologia para aumentar o acesso dos seus clientes à fundos e instituições financeiras. Hoje existem mais de 40 consultores cadastrados que recebem parte da taxa de sucesso das operações concluídas.
Nem todos, porém, podem requisitar acesso. Para entrar na plataforma, a empresa precisa ter receita mínima anual de R$ 30 milhões e também comprovar equilíbrio das contas. Um algoritmo desenvolvido pela F(x) estima o rating dos candidatos. Para os bancos e instituições não há custo para cadastro na plataforma. As empresas, por sua vez, pagam uma taxa de sucesso quando encontram um financiador. "A proposta de automação com inteligência artificial e aplicação de algoritmos em um mercado bastante arcaico é arrojada para o setor e chama a atenção", afirma Eduardo Küpper, sócio da eGenius Founders e agora cofundador da F(x).
Após a aproximação feita pela F(x), as negociações e transações financeiras acontecem diretamente entre as partes. As fontes de receita da plataforma vem da contratação da solução pela empresa interessada em tomar o crédito e o pagamento de uma taxa de sucesso, no caso de um empréstimo ser bem sucedido. 100% dos 'matches' auferidos dentro da F(x) foram bem sucedidos desde o início da operação.
As exigências e características dos financiadores participantes na plataforma F(x) podem variar. Fatores como taxa de juros e prazos, além de carências, setores de preferência e valores mínimos para o crédito, são variados. A F(x) conta com 50 perfis de crédito na plataforma, entre bancos de pequeno e médio porte e fundos de private equity. De acordo com Cohen, cerca de R$ 100 milhões em propostas de crédito estão disponíveis para serem liberados dentro da plataforma.