Pela primeira vez, os smartphones estão sendo mais utilizados do que os tablets para o "consumo" de dados, de acordo com estudo da fornecedora britânica de soluções e software de rede Arieso. Excluindo as conexões via modems USB, dos dez dispositivos móveis que mais consumiram dados, seis eram smartphones, três tablets e um ”phablet” — combinação de smartphone e tablet, capaz de efetuar chamadas. Com a migração de parte dos usuários para redes LTE (long term evolution, na sigla em inglês), as operadoras enfrentam o desafio de atender as expectativas dos consumidores.
O estudo mostra que 40% de todos os dados são consumidos por apenas 1% dos usuários, enquanto no ano passado a mesma porcentagem de usuários consumia 50% dos dados. A mudança, segundo relatório da Arieso, se dá na medida em que a tecnologia LTE começa a se consolidar no mercado. “Já estamos observando o surgimento de usuários intensivos dessas redes, especialmente aqueles com modem USB, que começam a migrar para 4G”, afirmou o autor do estudo, Michael Flanagan.
“Sob muitos aspectos, isso é uma boa notícia: as redes LTE estão cumprindo sua missão. Entretanto, os níveis de consumo e padrões de uso dessas redes são muito diferentes do que as operadoras poderiam esperar, quando comparadas às redes 3G. É uma situação complexa, fluida e de risco crescente para as operadoras lidarem. Ter soluções de engenharia de desempenho que possam revelar a experiência do consumidor, por meio de múltiplas tecnologias, será essencial para entender a evolução.”
A Arieso destaca que a tecnologia LTE introduz uma largura de banda muito requisitada e reduz a pressão sobre as redes UMTS (3G). Entretanto, as operadoras devem ficar atentas ao planejamento, otimização e desempenho de rede. “Há três anos, observamos como a adoção de melhores tecnologias levam a um maior consumo de dados pelos usuários. Com base em nossa experiência, supomos que o LTE sozinho não resolverá o problema de dados — ao contrário, irá exacerbá-lo”, alerta Flanagan.
Na América Latina, a previsão é de um crescimento substancial no consumo de dados móveis e o problema é que a maioria das redes foi projetada somente para voz. As características dos dados móveis indicam que qualquer aumento expressivo no uso reduzirá drasticamente a cobertura e qualidade dos serviços de redes otimizadas em voz. O impacto manifestou-se rapidamente no Brasil, por exemplo, com o órgão regulador tendo que intervir aplicando sanções para tentar sanar o problema.
As operadoras de rede instaladas na região da Ásia-Pacífico, especialmente no sudeste da Ásia, experimentarão taxas de crescimento de dados semelhantes às da América Latina, mas estão muito mais preparadas para as demandas dos consumidores de dados móveis e de redes LTE. Entretanto, mesmo com a nova largura de banda e eficiência de espectro fornecidas pelo LTE, as teles não conseguem sustentar projeções de crescimento de dados no longo prazo.
Dispositivos mais usados
O estudo da Arieso também constatou que, dos 125 aparelhos avaliados, os modelos mais recentes do iPhone foram os mais usados pelos usuários para acessar dados. Segundo o levantamento, os usuários do iPhone 5 consomem quatro vezes mais dados do que as versões do iPhone para redes 3G e 50% mais que usuários do iPhone 4S, modelo que apresentou a maior demanda no estudo de 2012.
Além disso, a pesquisa revela que os usuários do Samsung Galaxy S III geram muitos dados para enviar arquivos — em vez de baixar fotos, vídeos etc. Eles são responsáveis por quase quatro vezes a quantidade de dados em relação aos usuários de iPhone 3G, ultrapassando, inclusive, o iPhone 5, que ficou em terceiro lugar, atrás do Samsung Galaxy Note II. No mercado de tablets, os usuários do Samsung Tab 2 10.1 ocupam a primeira posição, consumindo 20% mais dados que usuários de iPad.