Em maio deste ano o Gartner divulgou o seguinte documento: Market Insight: Cloud Computing's Drive to Digital Business Creates Opportunities for Providers que apontou as previsões do mercado em nuvem para os próximos anos. De acordo com o estudo, em 2020, uma política corporativa de não adoção do cloud (no-cloud) será tão rara quanto uma política de não adoção da internet (no-internet) é hoje.
De fato, já se foi o tempo em que empresas resistiam à ideia de abrir a internet para seus colaboradores. Geralmente a preocupação estava ligada às distrações e perda de produtividade que a sua utilização poderia trazer ao ambiente de trabalho. Hoje em dia, costumo dizer que quando a conexão da empresa cai, os gestores liberam os colaboradores mais cedo para o almoço. O cloud pressupõe o acesso interrupto à internet e, como as empresas estão cada vez mais dependentes, o receio de colocar aplicações na nuvem tende a desaparecer.
Segundo o estudo, em 2019 mais de 30% dos investimentos em desenvolvimento de novos softwares das 100 maiores empresas deste segmento do mundo, terão migrado de uma estratégia "primeiro para cloud" (cloud-first), para "exclusivamente para cloud" (cloud-only).
De forma crescente vemos organizações de software portando suas soluções cliente-servidor para a nuvem. As empresas desenvolvedoras de ERP são bons exemplos. Essa demanda vem principalmente dos clientes que demandam de forma progressiva a solução. Os usuários não têm interesse em investir em infraestrutura para hospedar uma aplicação dentro de casa. Isso obrigou os desenvolvedores a transferirem suas soluções para o cloud. Essa tendência deve continuar, simplesmente porque é mais conveniente, chegando a um ponto onde determinadas aplicações somente existirão lá.
Primeiro destaco as PMEs, para elas é muito mais barato contratar aplicações na forma de SaaS do que investir em hardware, licenciamento de software e capacitação interna para ter acesso a tecnologia da informação. Cada vez mais estas organizações buscarão a nuvem para atender a todas as suas necessidades de TI. Segundo, ressalto que determinadas aplicações como comércio eletrônico, big data e IoT, demandam uma quantidade tão grande de processamento, com picos e variações temporais, que será cada vez mais difícil para as empresas hospedarem as informações em seus domínios, visto que recursos e infraestrutura são limitados. A opção por soluções em cloud pública, escaláveis, com pagamento por consumo (pay-as-you-go) serão a forma mais eficaz de suportar as aplicações mais exigentes em capacidade de processamento.
Cada vez mais os grandes consumidores de infraestrutura de TI são os provedores e não os clientes finais. Os provedores compram em grande quantidade, montam farms de máquinas em data centers e, com a tecnologia de virtualização, fatiam o recurso computacional da forma solicitada pelo cliente final.
Outro ponto importante é que finalmente o temor da segurança na nuvem deve ser desmistificado. Segundo o Gartner, em 2020, 95% das falhas de segurança em cloud serão causadas por falhas no cliente. A previsão condiz com estatísticas que mostram que a maioria esmagadora dos problemas de segurança em TI enfrentados pelas empresas têm origem em falhas internas, geralmente através de engenharia social. Na nuvem não seria diferente.
O mercado brasileiro amadureceu. Não há dúvidas que a crise dos últimos dois anos serviu como um catalizador, afinal, sempre se falou muito das eficiências econômicas da computação em nuvem. Durante este período, várias empresas dedicaram o tempo necessário para promover a sua transformação digital, buscando mais eficiência e redução de custos. A opção pelo cloud foi a escolha óbvia de boa parte delas, que conseguiram modernizar a sua estrutura de TI, preparando-se para a retomada do crescimento. O otimismo deve tomar conta do mercado de cloud computing. É chegada a hora do Brasil voltar a crescer e quem fez o dever de casa, vai aproveitar melhor este momento.
Maurício Cascão, CEO da Mandic Cloud Solutions.
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