A Copa do Mundo acontece desde 1930 e, desde então, conquistou grande prestígio mundial. Nesta edição de 2022, já foram mais de 2,2 milhões de espectadores acompanhando os jogos presencialmente até a fase das quartas de final. Isso sem contar a audiência mundial em transmissões de TV e visualizações em transmissões on-line (via streaming de aplicativo e YouTube). Tais informações evidenciam a magnitude do campeonato para o mundo.
Tendo em vista a grandeza do evento, percebe-se a necessidade de promover uma dinâmica de jogos mais atualizada a fim de atingir a expectativa de qualidade de quem acompanha. Para isso, a tecnologia entra como forte aliada e chegou a invadir o ambiente de campo por meio da Inteligência Artificial (IA), que é utilizada como apoio aos profissionais do jogo.
Dessa forma, listarei abaixo quais aprendizados podemos tirar diante desse evento e o que o mundo corporativo pode utilizar como lição.
Monitoramento em tempo real: durante o jogo, utilizam-se imagens de 10 a 12 câmeras para avaliar o que está acontecendo. Dados são utilizados para que partes essenciais não se percam de vista, como análise dos jogadores, impedimento, pênalti e falta. Ou seja, é possível detectar padrões, acompanhar situações (previstas ou inesperadas) e antever tendências. Isso serve de lição para as empresas, pois, assim como no jogo, o cenário corporativo pode mudar de maneira muito ágil e muitas organizações ainda tomam decisões "olhando para o retrovisor", enquanto outras, com uma visão apurada do momento presente, dão passos mais precisos com o auxílio da Inteligência Artificial.
Confiabilidade e tomadas de decisão assertivas: com IA, a tendência é que as decisões sejam mais rápidas, assertivas e transparentes, justificando o uso da tecnologia como uma aliada confiável que pode ser utilizada a qualquer momento sem atrapalhar o andamento de uma partida de futebol. Por exemplo, agora se avalia em questão de segundos e com maior precisão se houve gol impedido, falta e pênalti. Nesse contexto, é possível fazer uma relação com as empresas, tendo em vista que a confiança na análise de dados em tempo real possibilita a ocorrência de menos erros e identificação de acontecimentos que antes poderiam passar despercebidos ao olho humano.
Performance e análise de riscos: o uso de IA na rotina dos clubes de futebol já é uma realidade. No futebol, a tecnologia é utilizada em áreas como análise de desempenho, relatório físico e técnico dos atletas, captação de jovens promissores e avaliação de contratações. Além disso, é possível estudar melhor o desempenho dos jogadores para explorar melhor sua capacidade, sem gerar desgaste físico desnecessário e evitar possíveis lesões, a fim de promover melhor recuperação do corpo. Sendo assim, é possível relacionar esse fator à operação das empresas, visto que, se há análise em tempo real, há previsão de riscos e, consequentemente, contenção de danos.
Inteligência Artificial não substitui o saber humano: outro ponto que deve ser salientado é a questão de a IA ser uma ferramenta de apoio e não de substituição humana. O VAR, por exemplo, é uma ferramenta de análise de ocorrências do jogo que o juiz utiliza, e antes dele avaliar, passa pela supervisão de mais quatro profissionais, ou seja, o uso dessa tecnologia não diminuiu a presença do ser humano, pelo contrário, aumentou. A partir dessa ferramenta, é possível selecionar onde o nosso olhar deve focar e escolher as informações mais relevantes para a tomada de decisão.
Levando em consideração todos os apontamentos acima, é possível concluir que antes tinha apenas a opinião humana para definir se o jogo era confiável ou não, enquanto hoje se utiliza a Inteligência Artificial para prestar apoio, evidenciando como o esporte está aumentando seu nível de maturidade com a tecnologia, conseguindo aproveitar mais os jogadores, melhorando seus resultados e prevenindo riscos.
Isso é essencial para uma competição, da mesma forma que é para uma empresa, visto que, quanto mais dados e ações são processadas, aumenta a chance de previsão de riscos e formas de prevenção, gerando economia de custos na operação e alcance de melhores resultados e performance.
Matheus Stutzel, diretor de desenvolvimento de software da Viasat, INTELIE.