Já se sabe que os criptoativos chegaram para ficar. Tornaram-se uma classe de ativos com capitalização de mais de US$ 1,7 trilhão. O mercado chegou a ultrapassar a marca de US$ 2 trilhões em abril. No entanto, apesar da crescente adoção, a diferença entre cripto e fiduciário está longe de acabar e algumas questões ainda atrasam a sua adoção. Ainda que as aplicações cripto e Blockchain sejam predominantes, não é tão simples para as empresas no segmento fiduciário fazerem a integração a seus serviços. Um bom exemplo é a Revolut, que apesar de ter os recursos, segue no processo de incluir algumas ferramentas, mesmo após anos de esforços. No início deste ano, finalmente conseguiram ativar o saque em criptomoedas.
Da mesma forma, os empreendimentos de criptoativos têm dificuldade em aceitar pagamentos em moeda corrente. Ainda não há soluções que possibilitem a realização de pagamentos locais/transfronteiriços nesses métodos. A tecnologia Blockchain é relativamente jovem, mas empresas de fora do mercado cripto demonstram uma forte demanda. Dessas, as que priorizam o esforço internamente ou obtém um parceiro adequado para construir infraestruturas de Blockchain, sem dúvida, alcançam o status de pioneiras em seus setores. Com o tempo, veremos os comércios das criptomoedas e moedas tradicionais trabalhando em sincronia.
Grandes companhias como Microsoft, Coca-Cola, PayPal, Expedia e Starbucks já aceitam Bitcoin. No entanto, apenas em algumas regiões e para determinados fins. Outra que deve se juntar ao grupo em breve é a Amazon. Bancos como Goldman Sachs e JP Morgan estão se adaptando aos criptoativos, oferecendo a seus clientes serviços relacionados. Empresas como Tesla, MassMutual e Square também fizeram investimentos consideráveis em Bitcoin.
É mais do que evidente que as criptomoedas estão despertando o interesse entre os players corporativos. Mesmo assim, parece improvável que o Bitcoin seja a opção globalmente aceita por gigantes do mercado de pagamentos em seus negócios. Stablecoins, de valor estável e baixa volatilidade, e moedas digitais do banco central (CBDC) têm mais chances de se tornarem favoritos nos próximos anos, já que exemplos como Bitcoin e Ethereum ainda tendem à volatilidade. A ideia é melhorar o cenário das transações, não adicionar complicações em lidar com a incerteza dos ativos no meio do processo, sendo mais prático utilizar Stablecoins e CBDCs.
Nos próximos anos, veremos o lançamento do primeiro CBDC em larga escala. Muitos países têm se esforçado para pesquisar este caminho. O DCEP da China (comumente chamado de "yuan digital") provavelmente será o primeiro a realizar este feito. O Banco Central da Índia também anunciou recentemente um modelo de implementação de moeda digital que pode ser lançado até o final de 2021. No Brasil, o Banco Central divulgou que estão em estudos de modelos para o Real Digital e já lançaram o Pix, que vem facilitando a maneira de se fazer pagamentos. É esperado que em 2022 grandes empresas comecem a aceitar pagamentos em Stablecoins. Por exemplo, no início deste ano, a Visa anunciou que apoiará transações em USDC em sua rede de pagamentos. Até o próximo ano, provavelmente veremos mais dessas iniciativas.
A principal vantagem das criptomoedas não está no preço, mas sim na versatilidade como instrumento para negociações. Nos dias de hoje, a necessidade de pagamentos universais rápidos e eficientes é imprescindível. Hoje, as plataformas de pagamento e os bancos cobram taxas exorbitantes para transações internacionais e alguns ainda demoram para concluir essas transferências. A integração vem para facilitar o processo de forma mais barata, rápida, aumentando o volume de transferências entre países. Consequentemente haverá mais digitalização e modernização, resultando em uma grande mudança na aceitação da tecnologia Blockchain, além de mais integridade nas transações. A busca por uma solução que permita às empresas alternar eficientemente entre moeda fiduciária e cripto é essencial. Se pudermos criar uma infraestrutura que permita que as empresas realizem pagamentos locais e transfronteiriços rapidamente e a um custo baixo, ela se tornará precisamente a ponte necessária para a adoção em massa de criptoativos nos pagamentos B2B.
Alexander Vasiliev, Diretor Comercial (CCO) da Mercuryo.
[…] As criptomoedas como meios de pagamentos digitais ainda são incipientes, no sentido que sua atuação como classe de ativo de investimento é muito mais forte, capitalizando mais de US$ 1,7 trilhão em valor de mercado. […]