De acordo com o Anuário de Competitividade Digital, o Brasil manteve a mesma posição que ocupou no ano passado, com uma pequena melhoria nos fatores conhecimento e prontidão para o futuro.
"De forma resumida, o Anuário aponta a forte presença das economias asiáticas nas melhores posições do ranking, enquanto a Europa e a América do Norte recuaram um pouco. E alguns países da América Latina continuam ocupando posições inferiores", resume Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC, e líder da pesquisa no Brasil.
As análises do Ranking Mundial de Competitividade Digital mostram claramente que as nações que ocupam as primeiras posições estão investindo de maneira consistente e estratégica em talentos, inovação tecnológica e formação acadêmica. Esses países têm implementado políticas de longo prazo focadas no desenvolvimento de infraestrutura digital, formação de uma força de trabalho altamente qualificada e no fomento à pesquisa científica e novas tecnologias. Como consequência, observam-se ganhos expressivos em produtividade, crescimento econômico e competitividade global.
No contexto brasileiro, apesar de avanços significativos em áreas como educação, pesquisa científica e políticas de Inteligência Artificial, ainda há diversos desafios a serem enfrentados para melhorar a competitividade do país.
"A atração e retenção de talentos, a transferência de conhecimento, o financiamento para o desenvolvimento tecnológico e a criação de um ambiente regulatório mais dinâmico e eficiente são pontos críticos que precisam de maior atenção", pontua Hugo Tadeu.
Além disso, a infraestrutura tecnológica do Brasil necessita de investimentos estratégicos, especialmente em segurança cibernética, conectividade e capacitação digital, para garantir um avanço consistente no cenário global.
A implementação de políticas públicas eficazes, a modernização das infraestruturas e o fortalecimento das parcerias entre o setor público e privado serão fundamentais para que o Brasil atinja seu potencial de inovação e desenvolvimento sustentável.
Em última análise, a construção de um futuro digital competitivo depende da preparação da força de trabalho e da criação de um ambiente favorável à inovação.
"Para isso, é imprescindível uma revisão das políticas educacionais e profissionais, com ênfase em treinamentos técnicos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a adaptação do sistema regulatório para a era digital. A inclusão de novas tecnologias no ambiente corporativo e o apoio ao empreendedorismo digital também devem ser prioridades na agenda de transformação digital do Brasil", completa Hugo Tadeu.
Visão geral do Ranking de Competitividade Digital
Posição | País | Posição por fator | ||
Tecnologia | Conhecimento | Prontidão para o futuro | ||
1º | Singapura | 2º | 2º | 1º |
2º | Suíça | 1º | 1º | 5º |
3º | Dinamarca | 7º | 7º | 2º |
4º | EUA | 4º | 4º | 8º |
5º | Suécia | 3º | 3º | 4º |
6º | Coreia do Sul | 8º | 8º | 3º |
7º | Hong Kong | 5º | 5º | 15º |
8º | Países Baixos | 9º | 9º | 7º |
9º | Taiwan | 19º | 19º | 6º |
10º | Noruega | 17º | 17º | 10º |
57º | Brasil | 56º | 56º | 53º |
58º | Colômbia | 55º | 55º | 49º |
59º | México | 58º | 58º | 55º |
60º | Botswana | 49º | 49º | 62º |
61º | Filipinas | 64º | 64º | 58º |
62º | Argentina | 61º | 61º | 47º |
63º | Peru | 63º | 63º | 60º |
64º | Mongólia | 62º | 62º | 64º |
65º | Gana | 66º | 66º | 65º |
66º | Nigéria | 65º | 65º | |
67º | Venezuela | 67º | 67º |
Fonte: adaptado de IMD World Digital Competitiveness Ranking 2024
Singapura volta a liderar o Ranking, após uma pequena queda a partir de 2021, seguida por Suíça (2º), Dinamarca (3º), EUA (4º) e Suécia (5º). As últimas posições foram ocupadas por Peru (63º), Mongólia (64º), Gana (65º), Nigéria (66º) e Venezuela (67º).
Na Europa, apenas a Bulgária (40º) ficou entre os piores colocados, enquanto, os Países Baixos tiveram uma queda significativa, indo de 2° para 8°, e Dinamarca (3ª.) e Suíça (2ª.) tiveram melhoras.
No continente asiático, Singapura obteve a liderança. Entre os 10 melhores classificados estão inclusos Coréia do Sul (6º), Hong Kong (7º) e Taiwan (9º). Nesse ano, China (4°) conseguiu voltar para os cinco melhores colocados, tendo subido 16 posições. Ademais, entre os países de pior colocação estão inclusas as economias asiáticas, como Filipinas (61º) e Mongólia (64º).
Brasil
O Brasil apresentou alguns destaques positivos, como o total de gastos públicos em educação (7º), produtividade em pesquisas de P&D (7º) e políticas de Inteligência Artificial aprovadas por lei (9°). Em relação ao investimento em telecomunicações, o país ficou com a 14ª colocação, com R$ 35 bilhões de investimento em 2023, o que está relacionado com as metas de 5G. Por último, o uso de smartphone também ficou em 14°.
Por outro lado, a prática de transferência de conhecimento (66°), financiamento para desenvolvimento tecnológico (64°), disponibilidade de capital de risco (64°), incentivo para desenvolvimento e aplicação tecnológica (63º) e legislação para pesquisa científica e inovação (63º) estão entre os piores resultados brasileiros.
Na tabela abaixo, é possível observar o cenário brasileiro e identificar quais indicadores contribuíram para o desempenho do país.
Posição por subfatores e indicadores de competitividade digital do Brasil em relação ao mundo | |||||
CONHECIMENTO | 56º | TECNOLOGIA | 60º | PRONTIDÃO PARA O FUTURO | 53º |
Talento | 66º | Ambiente Regulatório | 53º | Atividades adaptativas | 47º |
Avaliação Educacional PISA – Matemática | 54º | Legislação para abertura de um negócio | 60º | Uso de serviços públicos online pela população | 19º |
Experiência Internacional | 62º | Execução de contratos | 41º | Varejo online (US$ por 1000 pessoas) | 44º |
Pessoal estrangeiro altamente qualificado | 65º | Legislação para imigração de profissionais | 30º | Uso de tablets (% das famílias) | 58º |
Gestão das cidades | 63º | Incentivo para desenvolvimento e aplicação tecnológica | 63º | Uso de smartphone (% das famílias) | 14º |
Habilidades digitais e tecnológicas | 63º | Legislação para pesquisa científica e inovação | 63º | Ações para a globalização | 42º |
Fluxo de estudantes estrangeiros | 47º | Direito de propriedade intelectual | 58º | Flexibilidade e adaptabilidade | 35º |
Treinamento e educação | 51º | Políticas de Inteligência Artificial aprovadas por lei* | 9º | Agilidade empresarial | 63º |
Treinamento de empregados | 53º | Capital | 59º | Respostas às oportunidades e ameaças | 53º |
Gastos totais em educação (% do PIB) | 7º | Capitalização do setor TIC (%) | 47º | Distribuição mundial de robôs (%) | 19º |
% da pop. com educação superior | 54º | Financiamento para desenvolvimento tecnológico | 64º | Agilidade das empresas | 59º |
Proporção aluno-professor (ensino superior) | 48º | Serviços bancários e financeiros | 63º | Uso de big data e analytics | 60º |
% de graduação em STEM | 59 º | Avaliação de crédito do país | 57º | Prática de transferência de conhecimento | 66º |
População feminina com educação superior | 53º | Disponibilidade de Capital de Risco | 64º | Aversão a riscos | 32º |
Índice de Educação em Ciência da Computação* | 17º | Investimento em telecomunicações (% do PIB) | 14º | Integração de TI | 50º |
Concentração científica | 29º | Contexto Tecnológico | 54º | Governo digital | 42º |
Gastos totais em P&D (% do PIB) | 36º | Tecnologia de comunicações | 60º | Parcerias público-privada | 53º |
Total de pessoal em P&D per capita | 22º | Assinantes de banda larga móvel (%) | 54 º | Segurança digital | 59º |
% de pesquisadores do sexo feminino | 16º | Banda larga sem fio | 54º | Pirataria de softwares (%) | 37º |
Produtividade de publicações por pesquisas | 7º | Usuários de internet por 1000 habitantes | 54º | Segurança cibernética do governo | 29º |
% da força de trabalho em P&D | 38º | Velocidade média da Internet (Mbps) | 37º | Leis de privacidade | 44º |
% de patentes de alta tecnologia | 47º | Exportações de manufaturas high-tech | 44º | ||
Número de robôs em educação e P&D | 17º | Servidores de internet seguros* | 46º | ||
Artigos sobre Inteligência Artificial (IA)* | 54º |
* Novos subfatores
Fonte: adaptado de IMD World Digital Competitiveness Ranking 2024