As academias de ciências dos países que compõem o G8 ?? o grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia ? mais as do Brasil, China, Índia, México e África do Sul, entregaram documento nesta quarta-feira (16/5), em Berlim, à primeira-ministra alemã, Ângela Merkel, anfitriã da reunião de cúpula do G8, que acontecerá entre 6 e 8 de junho, em Heiligendamm, na Alemanha, com as recomendações para as áreas de energia, proteção climática e promoção e proteção da inovação.
Segundo o documento, os países do G8 devem assumir o compromisso com a promoção de ações que resultem na geração e no desenvolvimento de tecnologias limpas, principalmente na área de energia, e na promoção da inovação em países em desenvolvimento. O texto diz ainda que as nações mais ricas devem fortalecer o intercâmbio econômico e tecnológico com esses países de maneira que estes consigam rapidamente queimar etapas no caminho rumo ao crescimento auto-sustentável e contribuir, ao lado dos países ricos, para conter as mudanças climáticas em curso no mundo.
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) esteve representada na reunião com Merkel pelo professor Eduardo Moacyr Krieger, que coordenou a participação brasileira no grupo formado pelas academias de ciências dos países que compõem o G8 mais as do Brasil, China, Índia, México e África do Sul, cujos líderes estarão presentes como convidados na reunião da Alemanha.
Depois do encontro com a primeira-ministra, Krieger teve reunião com o embaixador brasileiro na Alemanha, Luiz Felipe de Seixas Correa, responsável pela preparação da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para participar da reunião de cúpula do G8. O documento também foi entregue pela ABC ao Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro, nesta quarta-feira.
Na avaliação de Krieger, o encontro das academias de ciências com Merker foi produtivo. Como destaque, os acadêmicos enfatizaram a recomendação de que os países em desenvolvimento, que daqui por diante utilizarão mais energia em seu crescimento, não reproduzam no seu desenvolvimento o modelo das nações mais industrializadas, que lançaram mão do uso de energias altamente poluentes, como o carvão e o petróleo, em detrimento de energias limpas e de fontes renováveis.
Ao mesmo tempo, diz Krieger, recomendaram ações para a melhoria da eficiência no uso da energia, por meio do desenvolvimento de equipamentos domésticos, motores e sistema de transporte mais econômicos. ?As residências respondem em média por 27% do consumo de energia dos países?, explica o professor.
Na opinião do físico José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e membro da ABC, o Brasil deve atentar seriamente para a recomendação de que as nações definam e implementem medidas para reduzir o desflorestamento global, área em que o país é particularmente sensível. Ao mesmo tempo, diz ele, o Brasil pode ser paradigma no desenvolvimento de fontes de energia limpa, como a da tecnologia de produção do etanol, a partir da cana-de-açúcar, como combustível substituto à gasolina nos automóveis.
A seguir, as recomendações das academias de ciências aos líderes do G8
1. Crescimento e responsabilidade: assistência, eficiência de energia e proteção climática
? Estabelecer padrões e promover instrumentos econômicos para a eficiência e se comprometer a promover a eficiência energética para as edificações, aparelhos, motores, sistemas de transporte e para o próprio setor energético.
? Promover o entendimento do clima e energia e encorajar as mudanças comportamentais necessárias em nossas sociedades
? Definir e implementar medidas para reduzir o desmatamento global
? Fortalecer o intercâmbio econômico e tecnológico com os países em desenvolvimento de forma a queimar etapas para atingir tecnologias mais limpas, modernas e eficientes.
? Investir fortemente em ciência e tecnologia relacionadas à eficiência energética, recursos energéticos zero-carbono e tecnologias de remoção de carbono.
2. Promoção e proteção da inovação
Promoção da inovação
? Encorajar o desenvolvimento de agendas de pesquisa internacionais de longo prazo para promover a inovação em áreas prioritárias;
? Facilitar a transferência de conhecimento e inovação para a esfera comercial, especialmente entre universidades e indústria e estabeleça instrumentos para ativar o empreendedorismo.
? Trabalhar com paises em desenvolvimento para construir um sistema de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento econômico e social e promover a educação e o treinamento de seus futuros líderes, particularmente na ciência, engenharia, tecnologia e na área médica.
? Promover políticas de conhecimentos globais que lidem com geração, transmissão, uso e proteção ao invés de focar somente na proteção.
Proteção da inovação
? Encorajar esforços globais para simplificar e fortalecer a propriedade intelectual, enquanto assegura-se que um equilíbrio adequado é mantido entre o exame rigoroso dos direitos formais de propriedade intelectual e o livre acesso ao conhecimento e à informação.
? Desenvolver e implementar políticas para remover barreiras à inovação, além da provisão de uma infra-estrutura fértil para sua fomentação.
? Estabelecer iniciativas ousadas através do financiamento global de instituições, buscando facilitar e proteger inovações no mundo em desenvolvimento.
? Impulsionar e assistir o mundo em desenvolvimento para que este possua infra-estrutura local, leis e regulamentações para catalisar e proteger inovações locais, fornecendo um ambiente estimulante para a transferência de tecnologia.