Justificando a adoção do IPv6 pelo custo de oportunidade

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Como justificar, junto à diretoria da empresa, a migração para o IPv6? Cálculo de TCO? Estudos de ROI? Talvez não seja uma boa ideia, já que até o momento não conseguimos encontrar um bom argumento que nos assegure um retorno financeiro do investimento necessário para implantar o novo protocolo. E se invertêssemos a visão? E se pudermos vislumbrar o custo envolvido na não-adoção do IPV6? Quais oportunidades de negócio podem ser perdidas caso a sua empresa não esteja preparada para a nova internet? A sua empresa conseguirá manter os mesmos níveis de serviço, de relações com parceiros, fornecedores e clientes se continuar apenas com o IPv4?

Se você for como eu, costuma fazer uma pesquisa prévia sobre qualquer empresa com a qual queira iniciar algum tipo de relacionamento, seja uma relação de consumo individual, parceria de negócios institucional ou algum serviço de hospedagem na nuvem. Hoje em dia, não há ferramenta mais ágil e eficiente quanto utilizar a internet e o próprio website da organização. Costumo entrar no site da empresa, dar uma olhada no "quem somos", procuro ver a carteira de clientes e o seu portfólio. Mas se por algum motivo não consigo entrar no site, se os links não estiverem funcionando corretamente ou apresentam qualquer outro tipo de inconveniente com seu conteúdo, é inevitável a desconfiança. E, em uma comunicação de dados, quando estão envolvidos diferentes protocolos de comunicação, como NAT sobre NAT, IPv6 sobre IPv4 ou IPv4 sobre IPv6, alguns problemas de incompatibilidade podem ocorrer.

No momento corporativo atual, no "império da internet", temos a impressão que o site da empresa passou a ser mais importante que a fachada do prédio ou a localização física para transmitir uma imagem de confiança e competência. Quando o site de uma empresa não funciona bem, uma mensagem negativa é passada. É o primeiro contato com aquela companhia, é como se o cartão de visita estivesse apagado ou arranhado. Considerar fazer negócio com a concorrente cujo site parece ótimo torna-se uma boa alternativa. Garantir que as comunicações da corporação são compatíveis com qualquer protocolo, IPv4 ou IPv6, independentemente do protocolo que a outra ponta "fala" é vital para a continuidade dos negócios.

Outras exemplo em que a migração para o IPv6 é fundamental é o das empresas que utilizam a internet além do website ou serviços web, mas como ferramenta corporativa, fundamental para proporcionar colaboração entre times de alta performance, como soluções de VoIP, vídeo, mobilidade em VPNs, entre outras.

Por que será que todo mundo que defende a adoção do IPv6 tem a tendência de ser um profeta do apocalipse? "Fujam para os montes o IPv4 acabou!" No outro extremo, temos o "analista imprevidente" que diz: "Trabalho há dez anos em TI, desde a faculdade escuto falar de IPv6 e até hoje nada aconteceu…". Depois que mergulhei mais fundo no assunto, resolvi levantar a bandeira dos profetas do apocalipse. O alarmismo geralmente é compreendido quando olhamos para a realidade fria dos números. E são esses fatos e números que irão suportar a estratégia dos CIOs para o convencimento do board na liberação dos recursos.

O fato mais importante é: o IPv4 no LACNIC finalmente esgotou, existindo hoje apenas reservas de emergência. Isso é fato, não é interpretação, não é especulação, o IPv4 acabou. Hora de fugir para os montes?

A tendência natural é de que cada vez mais, novos entrantes utilizem o IPv6, inclusive os provedores de conteúdo se quiserem crescer, devem crescer em IPv6. Os usuários crescerão utilizando um misto de CGNAT e IPv6, outro fato importante é que as operadoras já estão implementando esta estrutura em seus clientes móveis e realizando testes em residenciais. Grandes portais e provedores de conteúdo, como Google, Yahoo e Facebook, também já oferecem seus sites em IPv6. Vislumbraram, entre outros fatores, que, com o tempo, o custo de operação de uma rede legada só irá aumentar e que as oportunidades de negócio que podem ser perdidas gerarão danos irreparáveis.

O CIO tem a missão de calcular os riscos envolvidos e mensurar o custo de oportunidade de postergar ou não a compatibilidade com IPv6. Munido das informações corretas, de um bom planejamento estratégico e de um senso de responsabilidade para com o negócio da empresa, a fuga para os montes não será necessária.

*Érico Barcellos é arquiteto de soluções da PromonLogicalis.

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