Como práticas de segurança psicológica podem beneficiar organizações em seus resultados

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Muito tem se falado sobre segurança psicológica e o papel das empresas em meio a essa mudança cultural-organizacional. Embora pareça um conceito recente, o impacto dessas práticas vem sendo estudado desde 2011, quando o Google realizou o projeto Aristóteles. O levantamento levou em consideração entrevistas com centenas de funcionários da companhia, para entender quais eram os fatores fundamentais para a formação de equipes de alta performance. Como resultado desse estudo, o pilar de segurança psicológica foi o mais citado pelos entrevistados, mostrando que a importância desse tema tem crescido ao longo dos anos. 

Para se ter uma ideia deste impacto, podemos considerar um estudo feito pela Harvard Business Review, que mostrou que, quando estamos inseridos em um ambiente seguro psicologicamente, 56% da equipe tem um desempenho maior no trabalho. Isso ainda se reflete nos índices de retenção de talentos e oportunidades de crescimento nas organizações, já que os funcionários se sentem mais acolhidos, seguros e motivados. 

Nos últimos anos, com as consequências psicológicas geradas pela pandemia e o isolamento social, tornou-se imprescindível que líderes e setores de RH voltem sua atenção a esse tema tão sensível. A quantidade de diagnósticos de burnout, depressão, ansiedade e estresse crônico mais que dobraram durante o período pandêmico, segundo a Associação Integrante da International Stress Management Association (Isma-BR). Mas como reorganizar a cultura das empresas e proporcionar um ambiente de trabalho cada vez mais agradável e que possibilite essa segurança? 

Bem, primeiramente, é preciso pensar em iniciativas estratégicas que proporcionem confiança e senso de pertencimento ao colaborador, como os benefícios oferecidos pela empresa e o acompanhamento humanizado do time de RH, sempre que uma dificuldade for identificada. Além disso, trabalhar o autoconhecimento também é de extrema importância para começar o processo de segurança psicológica no ambiente profissional. Ou seja, é preciso ser mais tolerante consigo mesmo, sem perder a responsabilidade por suas ações; reconhecer e respeitar os próprios erros, sem exagerar na autopunição, e também valorizar conquistas alcançadas para seguir motivado ao longo dos dias.

Definir um ambiente e um vocabulário comum às equipes também contribui com essa mudança. Isso porque, quando definimos comportamentos e normas para os times em que estamos inseridos, fica mais viável que todos tenham as mesmas oportunidades e se sintam confiantes com as rotinas estabelecidas. E isso ainda vai se refletir em uma relação de confiança, de escuta e de aprendizado com os próprios erros, para elevar a capacidade dos funcionários e permitir um desenvolvimento profissional sadio, seguro e sempre aberto ao diálogo. Nesse quesito, cito também a possibilidade de questionar, criticar e sugerir mudanças e soluções não somente dos decisores, mas de quem vivencia determinada rotina diariamente. 

É claro que a adaptação a modelos de trabalhos híbridos ou totalmente a distância gerou um grande impacto nas pausas, que, até então, fazíamos durante o dia. Fosse para um bate-papo rápido com um colega na volta do cafezinho ou uma troca de ideias com o gestor após uma reunião, esse período servia como um escape às altas cargas de trabalho, o que deixava as atividades mais leves e proporcionava relacionamentos entre colegas, líderes e demais profissionais da empresa. Por isso, mesmo no home office, é válido fazer pausas no meio do expediente e aproveitar as conversas desestressantes com as equipes, que auxiliam no diálogo humanizado.

Não são poucas as oportunidades que temos de ampliar essas práticas, tendo em vista os benefícios reais que elas proporcionam ao dia a dia das corporações. Essa, no entanto, é uma mudança de paradigmas que tem a necessidade de se tornar contínua. Isso porque não é apenas o trabalho que nos dignifica, mas, sim, como levamos as tarefas diárias de forma mais leve e com segurança, o que também vai se refletir positivamente na motivação e nos resultados a longo prazo.

Wilson Albertoni de Oliveira, head de RH da Infosys Brasil.

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