Cultura da agilidade é a aliada da vez

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Em tempos de busca pela agilidade, conveniência e rapidez, nada pode superar o esporte quando se trata de reunir simultaneamente números enormes de indivíduos devotados a apenas um evento – afinal, exceto fanáticos torcedores, poucas pessoas  iriam dedicar duas ou três horas de seu tempo para assistir a um jogo com resultados conhecidos.

Os jogos olímpicos constituem um desses grandes eventos, certamente o maior de todos, por reunir os melhores competidores do mundo em dezenas de esportes lutando pelas medalhas e pela glória olímpica. Mesmo no Brasil, que não é pródigo em patrocínios, o ouro olímpico pode valer R$ 5 milhões por ano em contratos para modalidades individuais como a ginástica ou o surfe.

Mas, voltando ao esporte, embora não seja um profundo conhecedor do rugby, estranho o fato de que nas Olimpíadas o rugby seja disputado na modalidade Sevens, e não na formação tradicional, o Union, que coloca 15 jogadores na grama. A explicação informal do COI é que, dadas as condições do evento com múltiplos esportes e pouco tempo, busca-se por mais dinamismo e mais agilidade.

Pensando nos Jogos de Paris de 2024, comecei uma associação de ideias – a França é a pátria de uma das metodologias de gestão pioneiras mais estudadas, o Método Taylor, hoje, claro, ultrapassada e substituída principalmente por duas outras chamadas Kanban e Scrum. E scrum é uma das jogadas mais importantes do rugby tradicional e na qual apenas 08 jogadores podem ser utilizados por cada equipe – o que lembra as equipes reduzidas do modelo de gestão de mesmo nome.

Mas, voltemos ao início do nosso texto, a busca pela agilidade, agora pensando especificamente na gestão empresarial. As duas metodologias que mencionei no parágrafo anterior apresentam objetivos bastante semelhantes, são ambas  metodologias ágeis que podem ser utilizadas para gerenciar projetos e processos de forma eficiente e adaptável e compartilham alguns princípios, tais como a entrega de valor, a melhoria contínua, a colaboração e a transparência.

Alguns analistas consideram que a escolha entre o Kanban e o Scrum depende do contexto e dos objetivos de cada organização e equipe. O Kanban pode ser mais adequado para ambientes dinâmicos e incertos, que exigem flexibilidade e rapidez nas mudanças. O Scrum pode ser mais indicado para ambientes complexos e previsíveis, que requerem planejamento e disciplina nas entregas. Também é possível combinar elementos das duas metodologias, criando um método híbrido que atenda às necessidades específicas de cada situação.

Nesta comparação simplificada pode parecer evidente que o Kanban seria muito mais concernente ao quadro econômico brasileiro, onde até o passado dizem ser incerto. Na verdade não é tão simples, porque a sua empresa pode estar atuando em setores muito mais estruturados para projetos e produtos/ serviços que primam por relativa estabilidade, com contratos de longo prazo em mercados de complexa regulamentação – como na prestação de serviços públicos.

A dica no entanto é: estruture a sua empresa com algumas características que permitam a ela agilidade e eficiência na gestão e nos processos decisórios, independentemente do suporte que irá utilizar, seja PDCA, BSC, GPD, PMBOK, Scrum ou Kanban – são apenas siglas, se a empresa não consegue utilizá-las plenamente.

As estruturas hoje consagradas pelas companhias vitoriosas contemplam poucos níveis hierárquicos, forte busca pela inovação, emprego da cultura de erro, forte participação dos colaboradores e intensidade no treinamento, na busca e retenção de talentos e muita tecnologia embarcada, própria ou de parceiros comprometidos, em ambiente diverso e sob rígidas normas de compliance.

No esporte, como nas empresas, agilidade e velocidade são fundamentais, mas o mercado, como as Olímpiadas, não é um circo, o objetivo não é entreter, e sim a vitória, a conquista do ouro olímpico ou a melhoria do EBITDA e dos dividendos. A cultura ágil é uma grande aliada, e saber utilizá-la levará a sua empresa a conquistar o resultado desejado. Se ainda não começou, essa é a hora!

Fabrício Visibeli, sócio-diretor da CBYK.

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