Apesar dos avanços verificados na infraestrutura tecnológica da maioria dos estabelecimentos de saúde no Brasil — os computadores estão presentes em 94% das instituições de saúde e 91% delas possuem acesso à internet —, a defasagem no acesso às tecnologias da informação e comunicações (TICs), principalmente entre aqueles que não possuem leitos para internação, responsáveis pelo atendimento básico e ambulatorial da população, ainda é grande. É o que aponta a pesquisa TIC Saúde 2013, feita pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicações (CETIC.br), divulgada nesta terça-feira, 17.
A primeira edição do estudo entrevistou 1.685 gestores de estabelecimentos de saúde públicos e privados em todo o Brasil, além de ouvir 4.180 médicos e enfermeiros vinculados a essas instituições. Os resultados revelam que 6% do total de estabelecimentos de saúde não utilizaram computadores nos últimos 12 meses, sendo que entre aqueles sem leitos para internação esse número é de 14%. Em relação à internet, 9% das instituições de saúde não a utilizaram nos últimos 12 meses, índice que sobre para 20% entre aquelas sem leito para internação.
A banda larga fixa está presente em 96% dos estabelecimentos que possuem acesso à internet. A tecnologia 3G também já começa a fazer parte da infraestrutura tecnológica das instituições, presente em 28% daquelas que utilizam internet.
A pesquisa revela, ainda, que 41% dos estabelecimentos de saúde possuem departamento de TI, sendo que essa estrutura está concentrada nas organizações com mais de 50 leitos para internação — 75% possuem departamento de TI.
Registros eletrônicos
Entre os dados sobre os pacientes disponíveis eletronicamente, os mais comuns são os de caráter administrativo, como dados cadastrais e referentes à admissão, transferência e alta de pacientes. Informações clínicas estão menos presentes em meios eletrônicos. O estudo indica que, enquanto 83% dos estabelecimentos de saúde que utilizaram a internet nos últimos doze meses afirmaram ter disponíveis dados cadastrais do paciente, apenas 21% possuem informações em meios eletrônicos sobre vacinas aplicadas e 25% possuem imagens de exames radiológicos.
Com relação à telessaúde no Brasil, os dados da TIC Saúde destacam o papel das organizações públicas no desenvolvimento de campanhas educativas e nas atividades de pesquisa a distância. Nos estabelecimentos em que essa tecnologia já está disponível, educação e treinamento são as principais áreas nas quais as ferramentas de teleconferência são empregadas pelos profissionais da saúde.
O relatório mostra que 30% dos estabelecimentos públicos de saúde com internet dispõem de serviços de educação a distancia em saúde e 24% desenvolvem atividades de pesquisa a distancia. Já 24% desses estabelecimentos disseram participar de alguma rede de telessaúde, enquanto 8% das instituições privadas com internet declararam integrar esse tipo de rede.
Uso de TICs entre os profissionais de saúde
Além de investigar os estabelecimentos de saúde, a pesquisa ouviu médicos e enfermeiros para saber sobre o acesso e o uso das TICs entre estes profissionais. Entre os médicos, 63% têm acesso a computador no trabalho e 60% à internet. Entre os enfermeiros, 72% têm acesso a computador e à internet. Dos médicos com acesso a computador no local de trabalho, 60% usam para acessar diagnósticos, verificar problemas ou condições de saúde do paciente, enquanto 61% buscam saber os motivos que levaram o paciente ao atendimento ou consulta.
Por fim, o estudo aponta que entre as principais barreiras para a implantação e o uso de TICs nos estabelecimentos de saúde a falta de prioridade das políticas públicas, apontada como principal dificuldade para 83% dos médicos e 72% dos enfermeiros entrevistados, além da insuficiência de treinamento, citada por 75% dos médicos e 71% dos enfermeiros. A falta de prioridade das políticas internas do estabelecimento também aparece como barreira relevante para médicos (70%) e enfermeiros (66%).