Muito tem sido falado sobre ESG, sigla em inglês para os aspectos ambientais, sociais e de governança. Alguns céticos podem ainda acreditar que seja apenas a onda do momento, mas até mesmo esses devem levar em consideração que, quando a "moda" é benéfica, ela também é uma chance de evolução. Neste caso, isso envolve aproveitarmos a oportunidade para aliar três aspectos que podem e devem ser complementares: meio ambiente, tecnologia e inovação. Na frente de eficiência energética, essa aliança pode ser especialmente positiva.
De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2020, 64,9% da energia no Brasil foi gerada a partir de hidrelétricas, enquanto combustíveis fósseis representaram 14,3%. Desse modo, ao estimular a redução do consumo de energia, temos também impacto direto na redução do consumo de água e combustíveis fósseis. Frente a esse objetivo, as possibilidades da união entre tecnologia e inovação em prol da geração de eficiência energética nas empresas são extensas, navegando por tecnologias já consolidadas no mercado e aquelas que ainda estão sendo testadas.
Além dos incentivos que visam alcançar cada vez mais a geração de energia por meio de fontes limpas, como a solar e a eólica, no âmbito corporativo a busca pela eficiência energética conta com uma grande aliada capaz de gerar ganhos significativos para as empresas e o meio ambiente: a Internet das Coisas (IoT). Essa tecnologia torna possível o monitoramento em tempo real de qualquer lugar do mundo, possibilitando a tomada de decisões e ações fundamentadas em dados.
Sabe-se que o consumo de energia com equipamentos de aquecimento, ventilação e condicionamento de ar, por exemplo, pode chegar a mais de 50% do consumo total de energia de prédios não residenciais, como hospitais, shoppings, escritórios, entre outros*. Imagine a seguinte situação: após o fechamento do escritório, um ar-condicionado ficou ligado. Esse gasto de energia poderia ser facilmente solucionado com IoT, já que seria possível desligar o aparelho remotamente.
Contudo, a Internet das Coisas não se restringe apenas a ligar ou desligar equipamentos. Ao capturar dados em tempo real e centralizá-los em uma plataforma, todas as decisões podem ser tomadas de um mesmo lugar para controlar os ambientes monitorados, desde escritórios, salas e até mesmo fábricas. Além disso, podemos utilizar inteligência artificial e machine learning para atuar nos equipamentos, buscando aumentar a eficiência a todo instante, com impacto direto na redução de custos e de danos ambientais. Alguns casos de uso apontam uma redução no consumo de energia de até 40% utilizando Internet das Coisas e inteligência artificial.
O potencial de utilização de soluções em IoT é imenso, porém não é livre de desafios. Um exemplo é que, para que esses dados sejam entregues praticamente em tempo real e gerem o benefício esperado, faz-se necessária uma boa qualidade de conexão, seja por rede física ou conectividade móvel. Em adição, outro desafio enfrentado pelas empresas que fornecem soluções em IoT é o machine learning, muito visto em conceito, mas nem sempre aplicado na prática. Com a entrega do valor esperado, precisamos de um volume de dados considerável para a atuação inteligente das aplicações.
Mesmo diante dessas questões, é inegável que o saldo da utilização de soluções em IoT seja positivo para a melhoria da eficiência energética. A partir da gestão e do monitoramento, elas proporcionarão decisões e ações preventivas baseadas em dados – unindo a tecnologia e a inovação a favor dos negócios e do meio ambiente.
Mayara Omena, product owner) e Rodrigo Barreto, engenheiro de Soluções do Brain, Centro de inovação fundado pela Algar Telecom.