Por toda parte se fala do "novo profissional". Sobretudo nas áreas relacionadas à Tecnologia da Informação, onde a formação do profissional requisitado sempre corre atrás do mercado adiantado, é divertido perceber como alguns gurus se inflam ao dizer "o novo profissional será isso, será aquilo". Infelizmente, toda referência parece se resumir a uma projeção do futuro, o anúncio do que está por vir. Mas, não. O novo profissional não está por vir. Ele já existe. Entre nós já há alguns seres – de acordo com o nosso tempo de janelas abertas no computador e visões multimídias – altamente adaptados às narrativas sem linearidade. O novo profissional é um visionário eternamente inacabado cuja maior virtude é a flexibilidade.
Marca maior da primeira década desse novo milênio, nunca houve tamanha demanda por adaptação no trabalho e na vida social. A participação e a interação com novas tecnologias e modos de vida não são mais apenas convites, são exigências. Mas, de onde vem a exigência da flexibilidade? Lembre-se: a história humana é a história da sobrevivência. Não estaríamos aqui hoje, sobreviventes, se nossos antepassados, entre outras características, não tivessem sido flexíveis em seus tempos, modelos e modos de produção. Na era industrial, por exemplo, nada melhor do que o trabalhador com comportamento linear e previsível. Nas linhas de produção repetitivas, a mão-de-obra mais coerente era a de batalhões de pessoas metódicas, sem desvios e programadas para procedimentos programados. Mas, na sociedade do conhecimento, a nossa, a da internet, a das múltiplas redes, em que plataformas e interações invadem vida e trabalho, os projetos estarão determinados? Há começo, meio e fim, como nos mais tradicionais roteiros de filmes?
Jamais compramos tanto em lojas virtuais. Jamais reservamos shows e nos comunicamos com câmeras. As mensagens são enviadas e recebidas por diversas plataformas que se reconhecem. Jamais abrimos tantas janelas e viajamos por tantos links que são verdadeiros desvios nos trilhos virtuais da nossa navegação. Com velocidade e atalhos em excesso, organizar a vida, selecionar informações e processar conhecimento são desafios gigantescos. Nesse emaranhado que é o mundo de hoje, a constante mudança é essencial. Quando esbarro com pessoas com alto índice de flexibilidade, sempre encontro os profissionais contemporâneos completos, mais bem humorados e melhor remunerados no longo prazo.
Dizer que o novo profissional é o que possui flexibilidade não quer dizer que as empresas devem dispensar o planejamento. O profissional flexível ainda é aquele, com a cara dos nossos tempos, capaz de respeitar o "manual", o procedimento. Mas, como o melhor dos sobreviventes, ele alia a sua capacitação à qualidade de ser altamente autêntico e seguro em improvisar, forjar e manejar as possibilidades que surgem nos imprevistos. Aliás, só quem é flexível enxerga as possibilidades surgidas nas situações que fogem dos procedimentos pré-estabelecidos.
Outro equívoco maior é acreditar que a flexibilidade é qualidade inata. Pelo contrário. No início disse que o novo profissional é alguém inacabado, exatamente porque só o inacabado é flexível, "pronto" apenas para o novo. Elaboramos um assessment e testes específicos para a flexibilidade porque avaliar uma pessoa não significa somente dizer o que ela é, mas indicar o que pode ser e como ser. Como se não bastasse, já aprendemos que ser flexível não é virtude presenteada, é qualidade desenvolvida. É questão de escolha entre ser o novo ou o velho profissional.
Dra. Claudia Riecken, CEO da Quantum Assessment