Embora a preocupação dos bancos seja eliminar completamente o uso do papel, o foco das atenções deve ser a segurança das novas aplicações digitais que irão surgir. Hoje o grande obstáculo para adoção de sistemas inteiramente eletrônicos pelas instituições financeiras é a falta de garantia de que os navegadores de internet conseguem prevenir e impedir invasões em seus sistemas.
Julio Püchel, analista sênior da consultoria Yankee Group, recorre ao fenômeno das "anywhere enterprises", um conceito usado por ele para definir o acesso cada vez mais remoto das pessoas aos serviços bancários. Ele acredita que os padrões abertos da internet e das tecnologias móveis vão, inevitavelmente, facilitar o acesso dos usuários às instituições financeiras e seus serviços, e isso fará com que o controle sobre as operações e transações por parte dos bancos diminua cada vez mais, apresentando um desafio para a segurança.
Pünhel acredita que os limites da empresa já não são mais definíveis e isso pode ser arriscado para os bancos, já que a maior preocupação é sempre com a proteção dos dados dos correntistas.
De um lado, o analista coloca que a implantação das anywhere enterprises aumenta bastante a produtividade das empresas, pois elas não precisam mais que o funcionário esteja fisicamente em suas dependências para trabalhar ou efetuar transações financeiras.
Por outro lado, ele alerta que a preocupação com a segurança dos dados deve ser redobrada.
Ricardo Marques, engenheiro sênior de segurança da IBM, afirma que já não adianta mais proteger as fronteiras das empresas, já que não é mais possível estabelecer limites físicos para as corporações, o que acabou tornando todo o processo de transmissão on-line de dados extremamente inseguro e inconfiável.
O executivo conta que agora as invasões aos sistemas são automatizadas e que o foco não são mais as empresas, e sim os usuários finais. Segundo ele, os hackers se especializaram em criar malware que operam dentro dos códigos dos navegadores e por isso não são identificados pelos sistemas de firewall. "Eles conseguem roubar senhas e informações de identidades digitais ou simplesmente conseguem intervir nas operações para pedir esses dados", observa.
Marques reconhece que a tecnologia bancária de segurança é extremamente eficiente, mas prega que deve haver uma mudança de mentalidade, pois enquanto houver barreiras, existirão hackers querendo quebrá-las. O conselho do executivo é que os bancos se concentrem ainda mais nas tecnologias de prevenção e previsão de ataques, e que os sistemas de segurança têm de assumir que os dados dos clientes são fáceis de ser acessados e precisam antever as intrusões.
A grande discussão proposta pelo executivo da IBM é o do papel do navegador de internet nas transações bancárias feitas via web. Segundo ele, de nada adianta evangelizar o mercado para abolir o papel e migrar completamente para a rede mundial se os browser não são seguros. Marques sugere que seja criado novo tipo de programa desenhado especialmente para transmissões de dados confidenciais.
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