Fazer uma aproximação entre empreendedores da área de tecnologia e empresas de venture capital, tendo a IBM como agregador para viabilizar modelos de negócios inovadores e uso de tecnologias da informação. Esse é o objetivo do IBM Venture Capital Fórum, realizado nesta terça-feira, 18/8, em São Paulo, com a presença de entidades do setor, empresas que buscam parcerias, setor acadêmico e investidores de risco.
Segundo dados da Abvcap – Associação Brasileira de Ações Privadas e Capital de Risco no passado estavam disponíveis cerca de US$ 28 bilhões de capital de risco e investimentos em ações privadas, o que mostra que planos de negócios bem feitos obterão recursos, reforçando o interesse da Big Blue em apoiar iniciativas em projetos que envolvam infraestrutura tecnológica, telecomunicações, saúde e energia.
Steve Mills, vice-presidente Sênior da Divisão de Software da IBM, fez algumas recomendações aos empreendedores, que segundo ele, devem se focar em soluções que envolvam complexidade setorial para atender nichos de mercados, "pois a IBM tem capacidade de integração e inteligência de mercado para apoiar as iniciativas".
Citou setores onde vê um futuro promissor em soluções inovadoras, como o de energia "que é o problema de nossas vidas, que nem em 50 anos serão resolvidos".
Jim Corgel, gerente geral da IBM ISV e de Relacionamento com Desenvolvedores, enfatizou que sistemas envolvendo grande volume de processamento de dados, como datawarehouse e soluções analíticas, serão muito importantes para setores como de saúde. "Saúde tem um potencial em torno do paciente, da sua segurança e privacidade e do compartilhamento interativo do tratamento. 40% do que se investe em saúde nos Estados Unidos é mal distribuído", disse. Vale lembrar que a IBM comprou a Cognos e a SPSS que atuam em business inteligence.
Exemplos
No Fórum foram apresentados casos onde as empresas apoiadas pela IBM lograram sucesso em atrair investimento de empresas de Venture Capital. A Usix Tecnologia, sediada em Fortaleza, recebeu investimento da Criatec, um fundo criado em 2007 com capital de R$ 100 milhões, devido ao potencial da sua solução de gestão de seguros denominada WIS, que cresceu 70% ao ano nos três últimos anos, segundo Marcelo Sena, diretor da empresa, acrescentando que a parceria da IBM foi um fator positivo para receber investimentos, que agora serão aplicados em escritórios comerciais no Rio e São Paulo, para colocar a solução na plataforma cloud computing e comercializar o software no modelo SaaS (software como serviço), e integrá-lo com as soluções da IBM (Tivoli, Websphere, Lotus). "Dessa forma o WIS também será oferecida ao mercado pela força de vendas da Big Blue. Até 2010 queremos estar nas cinco maiores seguradoras do país", enfatiza Sena.
Outra aposta da IBM é na Hoplon, empresa de Santa Catarina que desenvolveu o jogo virtual Taikodon para ser jogado em rede, baseado na arquitetura de mainframe. Essa iniciativa recebeu apoio do fundo Idee Tecnologia, do investidor Erich Muschellak, ex-sócio da Procomp que ao vender sua participação para a norte-americana Diebold resolveu montar um fundo que já participa de mais três empresas: Novocel, da área de energia; Sabexperience, de jogos para treinamento e uma construtora de Joinvile, que tem um novo método construtivo. Com isso, Muschellak está constituindo um fundo de venture capital de R$ 50 milhões.
Explicou que a Hoplon foi levada pela IBM em eventos no exterior, que resultou num contrato recém assinado com a publicadora de games norte-americana 2K Networks, que a partir do começo do ano irá lançar o game nos EUA, Europa e Turquia.
Tarqüínio Teles, diretor da Hoplon, explica que a empresa teve uma participação inicial de R$ 20 milhões por parte dos sócios e que agora, com o investimento do fundo, vai aperfeiçoar a plataforma, criar novos ambientes virtuais para os jogos e testá-la com um número maior de jogadores simultaneamente. Além disso, a empresa ensaia seus passos no mercado corporativo, haja vista que, segundo Teles, os ambientes virtuais podem ser usados, por exemplo, para simular um sistema de suplly chain, uma operação real de logística. "Ao nos relacionar com a IBM usamos os conceitos de SOA, fizemos desenvolvimento em Java e tivemos apoio para utilizar um mainframe, ou seja, estamos prontos para o mercado corporativo", acrescentou.
Outro exemplo é a Linear Software Matemático, que produz o Otimics, um sistema focado em planejamento e produção usado por grandes empresas, como a Nestlé, que até cogitou padronizá-lo para uso em vários países. "Como é uma solução só para grandes empresas, resolvemos criar módulos para atender companhias de menor porte, com o que contamos com a IBM para transpô-la para o ambiente web", explicou Marcelo Elias, fundador da software-house.
Iniciativas
"Desenvolver relacionamentos com empresas e profissionais de TI no Brasil é crucial para o crescimento de nossa rede de parceiros", disse Claudia Fan Munce, vice-presidente de estratégia corporativa e diretora-gerente do IBM Venture Capital Group, acrescentando que nem nos momentos da recente crise econômica a IBM interrompeu ou protelou o programa.
A IBM inaugurou em fevereiro passada um centro de inovação em São Paulo, que faz parte de um ecossistema de mais 43 espalhados em 30 países, para oferecer apoio aos empreendedores, investidores de capital de risco, universidade e consultorias.
Outra iniciativa é o lançamento da versão em português do developerWorks, comunidade online que pretende dar apoio a uma rede de 300 mil profissionais. "Existem 14 milhões de desenvolvedores diversos tipos no mundo, 8 milhões dos quais fazem parte da nossa rede", disse Jim Corgel.
Na área acadêmica, a IBM disponibilizou gratuitamente todo seu portfólio de software Lotus para as faculdades e universidades credenciadas para aprendizado e desenvolvimento de software.
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