O órgão regulador do mercado de capitais do estado americano de Massachussets multou o banco de investimento Morgan Stanley em US$ 5 milhões por sua participação na oferta pública inicial de ações (IPO na sigla em inglês) do Facebook, em maio deste ano. As autoridades consideraram que o banco exerceu uma “influência imprópria” sobre os analistas que avaliavam os papéis da empresa.
O secretário do Estado de Massachusetts, William F. Galvin, um especialista sênior do Morgan Stanley auxiliou o Facebook no compartilhamento de informações, de forma a tentar influenciar de maneira imprópria os analistas de valores, fornecendo a eles dados não contidos no prospecto da oferta, numa clara violação do Acordo Global dos Analistas de Valores. O auxílio é considerado ilegal e colocou boa parte dos investidores em desvantagem, já que não tiveram acesso às informações.
O tão aguardado IPO do Facebook à época ocorreu em 18 de maio, com os papéis da empresa tendo aberto o pregão cotados a US$ 42,99 cada. No encerramento do dia, as ações do Facebook caíram e fecharam valendo US$ 38,23, apenas 0,61% a mais que preço fixado pela empresa para o IPO e bem abaixo das expectativas dos analistas de Wall Street.
Desde a oferta, Galvin e outros membros do órgão regulador vêm investigando a rede social e os bancos que coordenaram a abertura de capital. As investigações prosseguem, tanto no âmbito da Security Exchange Commision (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, quanto da Financial Industry Regulatory Authority, que averiguam se os bancos vazaram informações aos grandes investidores — e se isso entra em conflito com as divulgações públicas do Facebook.
Em junho, o Morgan Stanley foi apontado como culpado pelo fiasco do IPO do Facebook, de acordo com pessoas ligadas ao assunto ouvidas pelo The Wall Street Journal. O diretor gerente e codiretor global de tecnologia do banco, Michael Grimes, foi quem insistiu com a alta direção da rede social para que o banco de investimentos liderasse a coordenação da oferta pública inicial de ações na bolsa eletrônica Nasdaq.
As investigações do órgão regulador de Massachusetts apontam ainda que um executivo do Facebook, referido como o tesoureiro e cujo nome não foi revelado, também se aproximou de analistas de valores. Galvin afirma que o executivo, em conversas privadas com os analistas, forneceu informações adicionais sobre a receita da companhia. Este comportamento, se comprovado, viola o acordo de regulamentação sobre informações de ações que o Morgan Stanley e outras empresas assinaram em 2003, que limita a comunicação entre os banqueiros e analistas de valores e proíbe as companhias de influenciar os relatórios de ações para tentar reforçar as operações bancárias.
Galvin intimou outros bancos, incluindo Goldman Sachs e JP Morgan, também responsáveis pelo IPO do Facebook. O órgão regulador já havia multado o Citigroup em US$ 2 milhões por "divulgações impróprias" de informações de pesquisas de analistas durante a negociação.
Em comunicado, o Morgan Stanley disse estar "satisfeito por chegar a um acordo com o secretário Galvin e a divisão de valores mobiliários de Massachusetts e "ter colocado um ponto final nesta questão". "O Morgan Stanley está comprometido a cumprir todos os regulamentos e leis aplicáveis." Com informações de agências internacionais.