Embora os negócios externos representem ainda uma fatia pequena no faturamento das empresas brasileiras, 52% de um grupo de 40 produtoras nacionais de software afirmam que fazem offshore outsourcing.
A revelação vem da pesquisa ?Indústria Brasileira de Software e as Novas Modalidades de Outsourcing?, realizada pelo Observatório Digital da Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) junto com a Unicamp e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os resultados são parciais e o estudo completo deverá ser concluído ainda este mês.
A pesquisa, financiada pela Secretaria de Política de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência e Tecnologia, tem o objetivo de mapear as competências da indústria brasileira de software e identificar oportunidades no mercado internacional para outsourcing de tecnologia da informação (ITO) e de processos de negócios (BPO), segmento que, segundo a IDC, registra anualmente uma taxa de crescimento de 11% e deverá movimentar no mercado mundial US$ 1,3 trilhão em 2006.
A maioria das empresas entrevistadas é de grande porte, sendo que 38% empregam até 500 funcionários e as demais entre 700 e 4,5 mil profissionais.
Os dados parciais mostram que o principal mercado dessas companhias ainda são os EUA, mas já há iniciativas em outros países da Europa. Nos Estados Unidos, os projetos se baseiam na abertura de escritório próprio, aquisição de empresas locais ou contratação de consultores especializados.
Noventa e três porcento das empresas entrevistadas realizam outsourcing de TI e 69% de BPO. Porém, de acordo com a pesquisa, a maioria dos serviços exportados é basicamente TI com soluções para infra-estrutura, envolvendo manutenção de software, gerenciamento de aplicações, suporte técnico e hospedagem.
Há também os casos de full outsourcing de TI, incluindo todos os serviços, desde a manutenção básica da infra-estrutura de TI, passando pelo gerenciamento, implementação de pacotes e integração de sistemas.
Pouca oferta
A pouca oferta de BPO (business process outsourcing) ocorre porque a modalidade exige mais conhecimento dos processos de negócios dos clientes e maior confiança de quem contrata. Por esse motivo, a estratégia tem sido conquistar o cliente num primeiro momento com a oferta de serviços de qualidade de TI para a posterior expansão para o outsourcing de processos. A maioria atua no atendimento ao cliente com soluções de call center. Mas há algumas exceções de contratos na área administrativa e de recursos humanos.
As empresas brasileiras possuem clientes no exterior em várias áreas, como agroindústria, financeiro, governo e educação. Mas como o Brasil é um grande especialista em soluções para banco, 14 produtoras das 16 de capital nacional participantes do estudo informaram que estão exportando tecnologias para este segmento.
O estudo aponta também um esforço grande das empresas para ampliar a participação no mercado internacional, com investimentos em certificação e capacitação dos profissionais.
Quase todas as empresas exportadoras estão oferecendo treinamento e cursos de línguas para os funcionários que atuam no mercado externo. Para evitar que eles sejam fisgados pela concorrência, após processos de certificações, as companhias estão estabelecendo formas de contratos que garante os investimentos em treinamento.