Os meios eletrônicos – internet, terminais para cartões de pagamento (PoS), caixas de autoatendimento e dispositivos móveis – responderam por 74% de todas as transações bancárias no ano passado, de acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Levantamento apresentado pela entidade nesta quarta-feira, 20, no Ciab 2012, evento de TI das instituições financeiras, revela que o setor financeiro, que no ano passado aplicou cerca de R$ 18 bilhões em TI, é um dos principais investidores em tecnologia no Brasil.
De acordo com Luis Antonio Rodrigues, presidente da comissão organizadora do Ciab 2012, os dados mostram a evolução da área financeira no uso de novas tecnologias. Segundo ele, o Brasil possui 46% de contas ativas via internet banking, nível comparado a economias desenvolvidas. Na Alemanha, o índice é de 50%, enquanto nos Estados Unidos e no Reino Unido a taxa é de 54% e 56%, respectivamente.
Apesar dos desafios para popularização do acesso ao mobile banking (m-banking), as transações financeiras via dispositivos móveis cresceram exponencialmente nos últimos quatro anos. Em 2008, era inexpressivo, mas no ano passado registrou 3,3 milhões de contas ativas por meio m-banking. "Os bancos de varejo realizaram 16 milhões de transações móveis por mês em 2011, por meio de 2,4 milhões de aplicações que habilitam smartphones e tablets. É uma demanda por conveniência que vem do consumidor, à qual estamos atentos e que deve direcionar os investimentos nos próximos anos", analisa Rodrigues.
"Além da conveniência do acesso à tecnologia, há necessidade de desenhar sistemas cada vez mais ágeis, de forma a reduzir os custos de operações e melhorar a eficiência e produtividade, ajudando a elevar o acesso à inclusão bancária", defendeu o presidente da Febraban, Murilo Portugal. Ele ressaltou que a evolução da economia brasileira desde 2004, com aumento no acesso ao crédito e a redução da dívida pública, abriu caminho para a aposta dos bancos em novas tecnologias. Segundo ele, esse cenário também abriu espaço para o aumento do endividamento do setor privado, sem que isso resultasse no endividamento da economia como um todo. "Passamos por um momento importante no qual houve realocação de recursos públicos para o privado com maior segurança, estimulando o consumo e investimentos", explicou Portugal.
O secretário estadual de planejamento e desenvolvimento regional de São Paulo, Julio Semeghini, ressaltou que o governo está em busca de parceiros de TI para a formação de parceria público-privada (PPP), em especial fornecedores de soluções de tecnologia com experiência no sistema financeiro para auxiliar a administração pública a aumentar a eficiência de gestão. "Na semana passada, tivemos uma reunião com a presidente Dilma sobre a desoneração para esse sistema. Felizmente, há uma serie de regulamentações sendo revistas e é importante que as PPPs não se restrinjam apenas a projetos de infraestrutura e cheguem também à TI", afirmou.