Embora os rumores sobre a venda pela IBM de seu negócio de mainframe para Hitachi não tenha se confirmado, está hipótese não deve ser descartada. Ao contrário, ela é bastante factível, de acordo com o analista Mark Hibben, especilizado em tendências sobre de tecnologia e investimentos.
Em um artigo escrito para o Seeking Alpha, site especializado no mercado financeiro, o analista cita a queda constante da receita como uma das razões para uma possível venda do negócio de mainframes. Conforme mostram os resultados financeiros da empresa do segundo trimestre deste ano, divulgados na segunda-feira, 18, as vendas do seu sistema de grande porte zSystems caíram 40% no período, na comparação com o ano anterior. "Nessas circunstâncias não é de admirar que o rumor de uma venda do negócio de mainframe venha à tona e ganhe dimensão."
Para Hibben, a razão pela qual a IBM ainda insiste em produzir mainframes se deve ao fato de ainda ter uma participação significativa no mercado mundial de servidores, em receita. Conforme relatório de junho da IDC, a IBM ficou em terceiro lugar, atrás apenas da HP Enterprise e da Dell, com 9,2% da receita desse segmento. Além disso, apesar da receita com o zSystems estar em declínio, a divisão de mainframes ainda está entre as mais rentáveis da companhia, com uma margem bruta de 56,5%, perdendo apenas para a unidade de soluções cognitivas, que tem como carro-chefe o supercomputador Watson.
O analista oberva, porém, que o segmento zSystems não tem muita importância estratégica para IBM. Para Hibben, a atenção que tem que ser dada a essa operação pode estar contribuindo por retardar o progresso dos imperativos estratégicos, que estão orientados basicamente para os serviços em nuvem e inteligência artificial (IA). "A IBM não pode se desfazer do seu hardware ainda, pois embora os mainframes provavelmente sejam uma causa perdida, ainda há valor nos sistemas Power Architecture. A alta da margem bruta no trimestre, combinado com o baixo lucro antes dos impostos, sugere que a IBM ainda está investindo significativamente no segmento de zSystems."
O analista chama atenção para o fato de a IBM vir tentando se reinventar como uma empresa de serviços em nuvem, especialmente em serviços baseados no sistema Watson, com o qual vem obtendo algum sucesso. Tanto que o segmento de soluções cognitivas teve um aumento de receita de 4%, para US$ 4,7 bilhões. No entanto, o lucro antes de impostos caiu 20%, para US$ 1,5 bilhão. "Como a concorrência em serviços de nuvem vem se tornando cada vez mais acirrada, os fornecedores de serviços em nuvem estão tendo que investir pesadamente em infraestrutura e na melhoria dos serviços. E isso pode fazer a IBM priorizar as áreas estratégicas, em vez dos mainframes", diz Hibben.