É evidente que atualmente o mundo passa por uma transformação digital, na qual a vida digital e física se funde. E a tendência é que isso só aumente daqui para frente, é o que aponta a pesquisa Transforma Insights, que cita a Internet das Coisas (IoT) como o futuro de várias tecnologias diferentes, prevendo que as conexões globais de IoT crescerão de 11,3 bilhões para 29,3 bilhões até o final de 2030, com destaque para redes de curto alcance, Inteligência Artificial e 5G.
O crescimento das conexões citadas no estudo está particularmente focado em aplicações conectadas de curto alcance, como eletrônicos pessoais e domésticos, medição inteligente, automação predial, rastreamento, unidades principais do veículo e alarmes de segurança.
Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira da Internet das Coisas (ABINC), destaca que o principal desafio para a evolução da tecnologia em meio a rápida transformação digital pós pandemia é a formação de mão de obra e cultura. "As empresas têm que aceitar que a transformação digital não é moda e, sim, realidade. É preciso mudar ou a concorrência sai ganhando".
Mesmo assim, o presidente destaca que o Brasil tem seguido a tendência mundial "de forma surpreendente". Em maio de 2021, a Sabesp implantou diversos aparelhos de telemedição de consumo de água baseados em IoT, provando que o uso da tecnologia no Brasil já é real e promete se expandir. Além disso, frotas de carros elétricos para uso em serviços públicos e coleta inteligente de lixo já estão em teste e planejamento em cidades brasileiras.
No mais, o documento indica que até 2029 as conexões 2G serão menos de 100.000. Apesar de regiões como Estados Unidos e Europa já possuírem 5G desde 2019, o Brasil não está tão longe assim desta realidade que Paulo considera indispensável para os avanços da IoT no Brasil. No final do ano passado, as licenças para operar a tecnologia 5G foram leiloadas pelo Ministério das Comunicações por R$ 6,8 bilhões, e a previsão é que todas as capitais do país implementem a conexão até 29 de setembro.
"O IoT não tem sentido se não houver conectividade e o 5G é mais uma forma de conectividade", comenta Paulo. "Agora, a combinação de 5G e IA no IoT dará possibilidade de atender nichos de mercado que necessitam de respostas quase imediatas com muita precisão. A IoT é responsável pela digitalização das coisas. Tudo que é físico pode ser digital. Isso significa que teremos dados sobre essa coisa física, ou seja, teremos um monte de dados, mas quais serão usados? A IA poderá ajudar na seleção dos melhores dados para o negócio". Exemplos disso são os carros autônomos e as ações na área médica e hospitalar, casos em que 5G e IA já são uma realidade, como destaca Paulo.
Com isso, a ABINC tem feito sua parte para elevar o uso de IoT no Brasil. "Cada vez mais promovendo webinar com cases, participando e apoiando projetos em diversos segmentos do mercado. Vide a cidade de Ivaiporã, que recentemente anunciou um projeto para lançar uma incubadora tecnológica. A pesquisa do Comitê de Utilities. Apoiando eventos de outras entidades e palestrando nesses eventos também".
No mais, o presidente alerta que o uso de 5G e IA nos negócios precisa ser consciente e não pode ser uma decisão tomada com base em tendências. "Não vou utilizar, por exemplo, 5G e IA no agronegócio, pois não preciso de respostas imediatas. Mas posso usar uma LPWAN com Inteligência Artificial que atende meu negócio de uma forma melhor. O próprio negócio que diz o que é preciso. São várias tecnologias e combinações para atender uma demanda de mercado. Qual a melhor?", finaliza.