A BlackBerry voltou a registrar prejuízo no terceiro trimestre do ano fiscal de 2014, encerrado em 30 de novembro. A perda da fabricante canadense de smartphones no período totalizou US$ 4,4 bilhões, ante um lucro de US$ 14 milhões em igual período do exercício fiscal anterior. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, quando o prejuízo atingiu US$ 965 milhões, o aumento do rombo foi de aproximadamente 350%.
A receita também teve desempenho ruim, contabilizando US$ 1,193 bilhão entre os meses de setembro e novembro, o que representa uma queda de 46% em relação aos US$ 2,72 bilhões registrados um ano antes, segundo informe de resultados divulgado nesta sexta-feira, 20. Quando confrontada com o trimestre fiscal anterior, quando contabilizou US$ 1,573 bilhão, a queda foi e 24%.
Embora a venda de aparelhos tenha caído quase pela metade na comparação anual, de 3,7 milhões para 1,9 milhão, a companhia atribui a perda ao pagamento de multas relacionadas a ativos de longa duração, de aproximadamente US$ 2,7 bilhões, além de pagamentos de compromissos envolvendo inventário de estoque e suprimentos, no valor de US$ 1,6 bilhão, bem como aos gastos com o programa de reestruturação, que consumiu US$ 266 milhões no período.
Contribuiu também para o mau desempenho o fato de todas as regiões geográficas terem apresentado queda de receita, embora a região que engloba a Europa, Oriente Médio e África (EMEA), a mais rentável para a BlackBerry, continue sendo responsável por quase metade (46%) das receita total. A América Latina diminuiu a participação de 12,5%, no segundo trimestre, para 11,3%, respondendo por US$ 135 milhões da receita, o que faz da região a de menor participação no balanço da companhia.
Apesar do vermelho na última linha do seu balanço, os papéis da BlackBerry tiveram forte elevação na bolsa eletrônica Nasdaq nesta sexta-feira, 20. Depois de abrirem com aumento de 2% em relação ao fechamento do dia anterior, cotadas a US$ 6,38, as ações da empresa encerraram o pregão valendo US$ 7,27, alta recorde de 16,32%.
A razão do desempenho excepcional, segundo analistas de Wall Street, foi o anúncio da BlackBerry de ter firmado um acordo de terceirização da produção de smartphones, com duração de cinco anos, com a chinesa Foxconn, conhecida por fabricar dispositivos móveis da Apple. Em entrevista ao site MarketWatch, o analista Ray Wang, da Constellation Research, avalia que o negócio com a fabricante chinesa mais do que compensa os resultados trimestrais decepcionantes da fabricante.
A BlackBerry informou que o acordo com a Foxconn terá como foco inicialmente a fabricação de smartphones para a Indonésia e outros mercados emergentes. "Isso também pode levar a outras parcerias capaez de ajudar a elevar às vendas da empresa", ressaltou Wang.
Em comunicado, a BlackBerry diz que a parceria é a prova do compromisso de longo prazo da empresa com o mercado de dispositivos. "Estamos determinados em continuar sendo a empresa líder em inovação de soluções de mobilidade seguras de ponta a ponta", afirmou John Chen, presidente-executivo da BlackBerry, na nota.
Para ele, com a Foxconn, a BlackBerry poderá concentrar seus esforços naquilo que sabe fazer melhor — design emblemático, excelência em segurança, desenvolvimento de software e gerenciamento de mobilidade empresarial.