Um grupo de 11 empresas de internet enviou nesta quinta-feira, 21, uma carta conjunta a Joaquín Almunia, chefe da Comissão Europeia, solicitando que o órgão regulador obrigue o Google a mudar suas práticas e garanta que concorrentes de menor porte não sejam prejudicados. A carta foi organizada pelo Foundem, site de buscas britânico e um dos primeiros a se dizer prejudicado por práticas anticompetitivas da empresa americana, em 2010.
No documento, o Foundem pede a Almunia que adote uma postura "linha dura" nas negociações com o Google para que faça concessões que possam protegem os pequenos concorrentes europeus. "Estamos cada vez mais preocupados que 'remediações' e à prova de futuro possam não surgir das discussões para um acordo com o Google", diz um trecho da carta assinada pelo grupo e divulgada pelo New York Times. "Além de ser uma prática que degrada materialmente a experiência do usuário e limita a sua escolha, as técnicas de manipulação de buscas do Google prejudicam classes inteiras de concorrentes em cada setor no qual o siste escolhe para implantá-las."
Na carta, o grupo defende que Almunia emita uma declaração de objeções e, depois, ameace com multas e sanções legais para que o Google chegue a um acordo com o órgão regulador. A carta foi assinada por executivos seniores de seis empresas europeias de internet, executivos de duas empresas dos Estados Unidos e diretores de três associações alemãs que representam os editores de jornais, revistas e catálogos telefônicos.
O porta-voz do Google em Bruxelas, Al Verney, se recusou a comentar sobre a carta, dizendo que a empresa continua "a trabalhar em cooperação com a Comissão Europeia". Já o porta-voz de Almunia, Antoine Colombani, disse em e-mail enviado ao jornal americano que os oficiais responsáveis pela defesa da concorrência estão revendo as propostas do Google. Se um acordo for alcançado, significa que não há nenhum indício legal de que o Google violou a lei da União Europeia, segundo Colombani.
As investigações sobre práticas antitruste do Google estão em andamento desde 2010. O Google apresentou diferentes propostas de mudanças para resolver o conflito, sendo que a última foi feita em janeiro e está em análise na Comissão Europeia. Já nos Estados Unidos, o caso foi encerrado após um acordo do gigante das buscas com a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês). A investigação foi concluída após a divulgação do memorando de compromissos previamente acordado do Google com o órgão regulador, que disse não haver prejuízo à livre competição na manipulação dos resultados de buscas pelo Google. A empresa, portanto, conseguiu manter seu direito de decidir quais páginas são apresentadas acima das outros durante uma consulta no país.