No segundo trimestre de 2022, o mercado de celulares no Brasil registou alta de 3,1%, quando foram vendidos 11,3 milhões de aparelhos, cerca de 345 mil a mais do que no mesmo período do ano anterior. Em termos de receita, os meses de abril, maio e junho deste ano somaram cerca de R$ 17 bilhões, 14,1% a mais do que no mesmo período de 2021, e contribuíram para um resultado total do semestre de R$ 36,7 bilhões, alta de 16,8% frente aos seis primeiros meses de 2021. Os dados são parte do estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q2/2022, da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.
O estudo mostrou ainda que, mesmo em queda, o mercado de aparelhos mais simples e com menos recursos ainda tem fôlego. Dos 11.379.327 aparelhos vendidos entre abril e junho de 2022, 10.873.792 foram smartphones e 505.535 feature phones, 4% a mais e 12,9% a menos do que no 2º trimestre de 2021, respectivamente. "O volume de vendas de feature phones é bem menor, mas continua tendo espaço principalmente fora dos grandes centros urbanos, atendendo um público que utiliza o aparelho mais como telefone e não tanto como dispositivo de alta tecnologia ou de acesso à internet", explica Reinaldo Sakis, gerente de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil.
No 2ºT de 2022, um alento foi o movimento do mercado cinza, que caiu 47% em relação ao mesmo período do ano passado, e 30% em relação ao 1ºT deste ano, resultado, entre outros motivos, de iniciativas como a da IDC Brasil que, em conjunto com a Abinee, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual (CNCP) e fabricantes da categoria, tem jogado luz sobre o tema com estudos e apresentações direcionadas a combater a venda de produtos que não passaram por todo o processo de importação legal ou de produção local no país. "Apesar da queda, o mercado cinza ainda é grande e segue sendo uma competição desleal para aqueles que empregam e pagam impostos", diz Sakis.
Ainda no segundo trimestre, os produtos na faixa de preço entre R$ 1.500 e R$ 1.799 foram os mais vendidos, representando 32% do volume total de vendas de smartphones. "É nesta faixa que se encontra uma grande quantidade de modelos, e o montante, à vista ou parcelado, ainda cabe no bolso do brasileiro", justifica Sakis.
O gerente de pesquisa da IDC Brasil informa, ainda, que no segundo trimestre de 2022, o preço médio dos aparelhos foi de R$ 1.878, sendo 11% menor do que no primeiro trimestre do ano, consequência da oferta de um mix com mais produtos de preço baixo, e 10% maior do que no segundo trimestre do ano passado, reflexo do incremento de chips e seu custo, do frete mais caro e da desvalorização do real.
Resultados do 1º Trimestre de 2022
De acordo com o IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q1/2022, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2022 foram vendidos 11.179.404 aparelhos, sendo 536.987 feature phones e 10.642.417 smartphones, queda de 5,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021. O volume total engloba as vendas do grey market que, no 1º trimestre de 2022, caíram 10% em relação ao mesmo período de 2021.
Ainda segundo o estudo da IDC Brasil, no primeiro trimestre do ano, o preço médio ficou em torno de R$ 1.725, resultado 26,7% maior do que nos três primeiros meses de 2021, reflexo da variação cambial e inflação que impactam no custo dos componentes e é repassado no preço final ao consumidor.
Por fim, a receita do 1ºT de 2022 foi de R$ 19,2 bilhões, 19,3% maior do que em 2021, muito por conta do aumento do preço médio dos aparelhos em relação ao mesmo período do ano passado.
Estudo IDC Brazil Mobile Phone Annual 2021
O mercado brasileiro de celulares fechou 2021 em queda de 6,1% em relação a 2020. Durante o ano passado, foram comercializados 45,8 milhões de aparelhos, sendo 2,4 milhões de feature phones e 43,4 milhões de smartphones, redução de 8,3% e 6%, respectivamente, em relação a 2020. Os dados fazem parte do estudo IDC Brazil Mobile Phone Annual 2021.
"O ano passado foi relativamente estável. O segundo trimestre teve alta de 14%, mas isso era esperado, em função do péssimo desempenho do mesmo trimestre de 2020", diz Sakis. Segundo ele, a principal alteração no panorama geral em 2021 foi a saída da LG do mercado, que abriu frente para os demais fabricantes disputarem os consumidores dessa marca.
Como em 2020, o mercado cinza também caiu, mas continuou atuante. Do total de unidades vendidas em 2021, 3,6 milhões de aparelhos foram comercializados no grey market. "É um volume 9,5% menor do que em 2020, mas que impacta tanto os negócios dos fabricantes e varejistas que operam legalmente como na arrecadação de impostos e na segurança do consumidor", afirma o gerente da IDC Brasil. Segundo ele, ainda há consumidores desavisados, que, muitas vezes, compram o celular de um site conhecido, mas quem entrega é outra empresa que trouxe o aparelho de outro país e não pagou os devidos tributos. "A diferença de preços é desleal", completa.
No mercado oficial, o preço médio do celular em 2021 ficou em torno de R$ 1.845 (alta de 19,51% em relação a 2020), resultando em uma receita de R$ 66,3 bilhões, 9,5% maior do que a registrada no ano anterior. Segundo a IDC Brasil, o aumento no preço médio se deu basicamente pelo incremento de recursos aos produtos, como tela maior, mais memória e câmeras de melhor resolução, somado à pressão dos custos globais, como o encarecimento dos fretes da China, a disparada nos preços dos componentes e a depreciação do real frente ao dólar.
Em 2021, a preferência do consumidor foi por aparelhos compatíveis com seu orçamento. "O cenário econômico de instabilidade e a alta da inflação e da taxa de juros impactaram principalmente a população de baixa renda, que optou pelos feature phones. Já os smartphones de R$ 1.000 a R$ 2.500, com mais funcionalidades e a possibilidade de parcelamento, formaram a maior parcela do mercado", informa Sakis.
Projeções da IDC Brasil para o mercado de celulares em 2022
Os seis primeiros meses de 2022 foram bastante desafiadores para o mercado de celular. Para a IDC Brasil, a paralisação das fábricas na China, a guerra na Ucrânia e a instabilidade econômica global afetaram não somente o preço dos componentes como também sua distribuição. Diante disso, das incertezas do país e dos desafios relacionados ao mercado interno, as projeções de crescimento foram reduzidas. "A falta de componentes teve um grande impacto no primeiro semestre de 2022, mas não deve protagonizar o movimento no restante do ano. O que deverá afetar as vendas é o comprometimento da renda do consumidor, em decorrência da alta da inflação e das taxas de juros, que forçarão a IDC Brasil a revisar, mais uma vez, as previsões para baixo", prevê o gerente de pesquisa e consultoria da IDC Brasil.
Nem a chegada do 5G ao país deve alterar significativamente esse cenário. Para o segundo semestre, a IDC Brasil prevê um aumento nas vendas de aparelhos habilitados à tecnologia, mas ainda de forma tímida. "O brasileiro sempre quer ter o smartphone atualizado em suas mãos, mas algumas preocupações de curto prazo como eleições, juros altos e incertezas em relação a economia devem afastar os consumidores das lojas no segundo trimestre", finaliza Sakis.