É difícil imaginar um ambiente de trabalho em que não existam mesas, bancadas ou mesmo escrivaninhas portando computadores e seus respectivos monitores, teclados e mouses. Mais do que isso, chega a ser complexo vislumbrar uma empresa em que os funcionários não estejam sentados em seus devidos lugares, todos os dias da semana, debruçados sobre equipamentos de informática a executar suas tarefas ao longo do expediente.
Era difícil. Era complexo. Não é mais. O mercado dos computadores de mesa – mais conhecidos como desktops –, outrora revolucionários, está passando por transformações significativas. Trabalhar com essas máquinas continuará sendo indispensável por um bom tempo, mas a mudança que se tem observado é justamente a diminuição da necessidade de permanecer o dia todo sentado em uma mesa. Mais do que nunca, o foco nos tempos atuais é a produtividade do usuário/funcionário, esteja ele onde estiver.
As constantes evoluções e avanços da internet, caracterizados pela ampliação e barateamento do acesso à rede, melhor estabilidade nas conexões e velocidades de navegação cada vez maiores, têm impulsionado a utilização remota dos dispositivos de informática, pricipalmente para atividades de fins profissionais. Pesquisas realizadas com gestores de RHs de diversas empresas apontam, por exemplo, que a prática de home office tem crescido em vários países.
Para entender melhor esse processo evolutivo, voltemos no tempo. Na considerada primeira grande era da Tecnologia da Informação, entre os anos 1960 e início dos 1970, marcada pelos departamentos corporativos intitulados CPDs (Centro de Processamento de Dados) e pelos gigantescos mainframes, o foco da computação não era o usuário individual. O "poder" da TI estava na mão dos poucos gênios da informática que operavam tais equipamentos. A partir dos anos 1980, uma ruptura veio com a chegada dos Personal Computers, os PCs, fazendo com que os usuários finais também participassem do processo.
Naquele momento, os microcomputadores já conseguiam substituir fluxos de caixa feitos com cadernos, calculadoras e máquinas de escrever, além de ser uma alternativa mais vantajosa aos arquiveiros usados para guardar milhares de documentos. Os PCs tornaram-se então ferramentas indispensáveis para o dia a dia do ambiente corporativo.
Por fim, observando os dias atuais, é possível dizer que estamos entrando na terceira fase da informática: a revolução das mesas de trabalho. Se no início a informação permanecia concentrada nos CPDs e porteriormente nos desktops, hoje ela está em todo lugar. Graças à internet e aos dispositivos móveis – notebooks num primeiro momento e smartphones e tablets recentemente –, o poder de processar informações tornou-se uma tarefa portátil e remota.
De modo geral, dadas as circunstâncias, a questão nevrálgica a ser levantada não é "qual será o futuro dos desktops?", mas sim "como podemos ser mais produtivos com as ferramentas que possuimos?".
As próximas transformações devem ser no sentido de fazer com que o funcionário que utiliza o computador como ferramenta principal permaneça cada vez menos sentado em sua mesa de trabalho. O conceito de empresa-sede, em um edifício imponente e caro, para onde todos se deslocam todas as manhãs, todos os dias, enfrentando congestionamentos caóticos, ônibus, trens e metrôs lotados, com o objetivo de chegar ao escritório, bater o ponto e começar a trabalhar fará parte do passado em breve.
As gerações atuais desconhecem o termo offline. Já nascem conectadas. Estão à nossa frente enquanto tentamos reagir. Os jovens de hoje, potenciais analistas, coordenadores, gerentes, diretores e CEOs, não estão acostumados a trabalhar em um desktop no formato atual. Eles preferem fazer uma reunião de negócios para uma tomada de decisão enquanto estão dirigindo, se deslocando pela cidade. As conference calls com alguém que esteja do outro lado do mundo, sem a necessidade pegar um taxi para o aeroporto, suportar horas e horas de voo, e estar todo engravatado, é uma tendência cada vez mais sólida.
Os desktops não deixarão de existir, assim como os mainframes não deixaram. Eles precisam apenas encontrar um nicho para trabalhar e manter viáveis sua utilidade e permanência no dia a dia corporativo.
Marcelo Rodrigues, diretor comercial e de parcerias da Microcity