Já não é novidade que sociedade e economia giram em torno de dados. Aplicações, serviços, softwares, o modo como as pessoas trabalham, geram renda, se divertem e se comunicam – tudo isso gira em torno do Big Data. Nunca se produziu tantos dados quanto agora. Com isso, é esperado que uma análise veloz para produção de informações seja cada vez mais importante. É inegável que o mundo se acelerou: tecnologias como o 5G e o IoT chegam para entregar, é possível dizer, uma conexão universal entre pessoas e máquinas, e esse ritmo de trabalho requer um menor tempo de processamento.
Processar dados na fonte é a premissa do edge computing, ou computação de borda, mas a velocidade não é o único retorno positivo dessa tecnologia. Encurtar a distância do caminho "dado-processamento-resposta" tem impactos além da simples agilidade na troca de informações.
Segmentos como a telemedicina passarão a depender cada vez mais de uma latência mínima entre comando e resposta, com a consolidação das cirurgias à distância e outros procedimentos minuciosos que requerem uma rápida tomada de decisão do médico. Assim como na saúde, na mobilidade urbana, com carros autônomos cada vez mais presentes, a latência pode dificultar a tomada de decisão que pode salvar a vida de um pedestre ou dos passageiros.
A sustentabilidade também se beneficiará da computação de borda. Cerca de 1% de toda energia produzida no mundo é consumida todos os anos por grandes infraestruturas de data center, de acordo com um relatório de 2020 da International Energy Agency.
Uma rede edge faria o consumo diminuir, já que parte dessa energia é perdida nas longas linhas de transmissão de dados. Podemos pensar, por exemplo, em propriedades do agronegócio distantes dos centros de processamento nas grandes cidades. Se o processamento de dados torna caro o monitoramento remoto dos recursos e da produção, o deslocamento desses centros para a fonte geradora reduziria o gasto de energia, eliminaria o custo de transmissão e a operação se tornaria mais econômica, sustentável e rentável.
Essa tecnologia será ainda mais útil à medida que as cidades se tornam mais inteligentes, com a implementação de soluções digitais para mobilidade urbana, segurança pública e áreas como saúde. Com o IoT, Big Data e 5G presentes na maioria das interações, inclusive entre carros, edifícios, sistema viários e de segurança, por exemplo, o tempo de resposta se torna fundamental para concretizar a integração de vários sistemas.
Em áreas sujeitas a desastres naturais, como terremotos, tornados, enchentes e tsunamis, a detecção de alterações e a emissão de alertas à população deve ser ágil para salvar vidas.
O mundo está acelerado e a tendência é que essa velocidade siga aumentando. O tempo de resposta será fundamental para movimentar a economia, gerar renda, garantir a sustentabilidade e a segurança. O futuro da vida em sociedade está no processamento de informações e, mais que imediatismo, o edge computing permitirá uma leitura mais rápida de demandas cada vez mais urgentes.
Carlos Eduardo Chicaroni, gerente de Soluções de Tecnologia da green4T.