Organizações da sociedade, públicas ou privadas, consideram, cada vez mais, a inovação como um componente-chave para o desenvolvimento econômico, social ou ambiental. Portanto, encontrar soluções inovadoras tornou-se uma missão para o desenvolvimento de novos produtos e serviços. E é exatamente diante desse cenário que o papel das universidades passa a ser fundamental.
A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) comprova o protagonismo do ambiente universitário para as novas empresas de base tecnológicas no estudo "Perfis dos Ambientes de Inovação e seus Empreendimentos". Os dados coletados em 2020 apontam que as universidades públicas e privadas correspondem a 44% do perfil relacionados aos parques tecnológicos no Brasil. Por sua vez, as incubadoras correspondem a 88% dos mecanismos de inovação. Portanto, revela-se aí uma grande rede de apoio, decisiva às startups.
Na prática, a inovação desenvolvida nas fileiras da academia, seja em função de um projeto robusto de pesquisa estruturada, seja pelo fato de acolher um celeiro de mentes férteis, é um elemento crítico para promover o diferencial competitivo de um país em um mundo cada vez mais globalizado e digital.
Tenho a firme convicção que a união deste potencial intelectual e científico da academia às empresas otimiza a geração de valor para toda a sociedade.? E vou além. Creio que, quando as organizações envolvidas nessa conexão são startups, com o seu forte ritmo de adaptação, abertura à inovação e, em geral, perfil colaborativo, temos a combinação perfeita para acelerar a disrupção e contribuir para a transformação positiva de inúmeras cadeias produtivas.
A união universidade e startups traz benefícios a todos os atores envolvidos nessa dinâmica. Na prática, as startups, ao estarem mais próximas às universidades, trazem às pautas acadêmicas o feedback do público cliente, suas necessidades e anseios. Essa visão é um elemento extremamente importante para dinamizar e enriquecer as discussões na universidade, trazendo-a mais próxima das dores e anseios da economia real. Já as universidades contribuem com o seu pensamento crítico e um olhar de longo prazo, nem sempre presente em business plans.
Foi justamente a confiança nessa dinâmica entre academia e startups, aliada à minha experiência como engenheira na indústria ou como representante em marketing de Tech Sellers, que me deu suporte para empreender e criar a minha empresa nesse ambiente. Essa decisão, aliás, foi reforçada com a minha experiência como conselheira do grupo Unicamp Ventures. E também por estar próxima às ativações da Agência de Inovação da Unicamp, criada em 2003 com objetivo de estabelecer uma rede de relacionamentos entre a Unicamp e sociedade a fim de incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento.
Os últimos anos foram decisivos para o meu negócio e para definir os contornos da empresa que ajudei a criar. Vejo o espaço universitário como um ambiente saudável capaz de promover um networking essencial ao nosso futuro. E, da mesma forma, ao futuro de outras startups.
Acredito, sinceramente, que a interação entre profissionais de diferentes segmentos de tecnologia seja a força motora não só para o intercâmbio de ideias, mas, também, para possíveis parcerias comerciais e para o upgrade de negócios disruptivos, que atendam a novas demandas mercado. Defendo, inclusive, que o convívio entre startups e universidades acelera a evolução digital de nosso País e de toda a América Latina. Essa é uma importante trilha para nos conduzir a uma economia cada vez mais forte e capaz de reagir rapidamente a novos desafios – sejam eles os de hoje ou do futuro.
Rose Ramos, CEO e fundadora da startup MatchIt, possui formação em Engenharia pela Unicamp e MBA no IESE Business School.