O balanço financeiro da Nokia relativo ao quarto trimestre de 2012 trouxe alguns sinais positivos sobre o futuro da companhia. Quase todos os indicadores financeiros e operacionais do período registraram melhora quando comparados com o terceiro trimestre, puxados, principalmente, por um aumento nas vendas de smartphones nos mercados europeu e norte-americano. É preciso lembrar, todavia, do fator sazonal: o quarto trimestre costuma ser o melhor do ano para empresas de telecom por causa das vendas de Natal. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado o desempenho da empresa foi pior.
A Nokia como um todo (somando as áreas de handsets, serviços de localização e comércio, e infraestrutura de rede) registrou receita líquida de 8,04 bilhões de euros entre outubro e dezembro do ano passado, o que representa um crescimento de 11% frente ao terceiro trimestre, mas uma queda de 20% em comparação com o mesmo período de 2011. Seu lucro operacional foi de 439 milhões de euros, ante prejuízos de meio bilhão de euros e de 1 bilhão de euros no terceiro trimestre de 2012 e no quarto trimestre de 2011, respectivamente. O lucro líquido no quarto trimestre foi de 563 milhões de euros, enquanto que no trimestre anterior a companhia havia tido prejuízo líquido de 429 milhões de euros. No quarto trimestre de 2011, o lucro líquido havia sido um pouco maior: 634 milhões de euros.
No balanço do ano, a Nokia fechou 2012 com queda de 22% em suas vendas líquidas (30,18 bilhões de euros) e com prejuízo líquido de 354 milhões de euros, frente a um lucro líquido de 1,14 bilhão em 2011.
Handsets
A receita com celulares no quarto trimestre cresceu 8% em comparação com o trimestre anterior, alcançando 3,85 bilhões de euros. Isso representa, contudo, uma queda de 36% frente ao quarto trimestre de 2011. Merece destaque a recuperação no segmento de "smart devices" (família Lumia e séries mais avançadas do Symbian): embora tenha caído 55% na comparação anual entre trimestres, a receita desse segmento subiu 26% frente ao terceiro tri, atingindo 1,23 bilhão de euros. O segmento de aparelhos de gamas baixa e média, que a Nokia chama de "mobile phones", teve queda de 19% na receita quando comparado com o mesmo período do ano passado e alta de 4% frente ao terceiro tri: 2,47 bilhões de euros.
A Nokia vendeu ao todo 86,3 milhões de celulares entre outubro e dezembro de 2012. Isso significa um aumento de 4% em relação ao terceiro tri, mas uma redução de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. Do total de aparelhos vendidos, 79,6 milhões eram "mobile phones" (queda anual de 15% e crescimento trimestral de 4%). E 6,6 milhões eram "smart devices" (queda anual de 66% e crescimento trimestral de 5%). A Nokia informou que vendeu entre outubro e dezembro 4,4 milhões de unidades do Lumia, 2,2 milhões de unidades de smartphones Symbian e 9,3 milhões de unidades de aparelhos full touch da família Asha.
Um ponto positivo foi a melhora no preço médio dos seus aparelhos de gama alta. No quarto trimestre de 2011 eles custavam em média 140 euros: o preço subiu para 186 euros um ano depois. No terceiro tri, o preço médio era de 155 euros. No caso dos "mobile phones", o preço médio manteve-se praticamente estagnado: 31 euros.
Europa e EUA
Quando analisadas as vendas de handsets da Nokia geograficamente, salta aos olhos o desempenho nos EUA, mercado onde a empresa nunca se saiu muito bem. Ao que parece, a opção pelo Windows Phone, sistema operacional da Microsoft, e a escolha de um CEO norte-americano para comandar a empresa surtiram um efeito positivo para a Nokia naquele país. A receita com vendas de celulares na América do Norte no quarto trimestre de 2012 cresceu 444% em relação ao trimestre anterior e 270% frente ao mesmo período de 2011, alcançando 196 milhões de euros. Em volume, foram 700 mil unidades vendidas entre outubro e dezembro do ano passado, ou 133% a mais do que no trimestre anterior.
É verdade que no total da empresa a América do Norte ainda representa uma parcela pequena. Por isso, mais importante que a melhora nos EUA foi o crescimento na Europa, seu principal mercado. Em comparação com o terceiro trimestre, a receita da empresa com handsets vendidos no mercado europeu subiu 23%, atingindo 1,21 bilhão de euros. Em relação ao quarto trimestre de 2011, contudo, houve queda de 37%.
O faturamento da Nokia com celulares caiu na China, na Ásia-Pacífico e na América Latina, tanto na comparação com o terceiro trimestre de 2012 quanto com o quarto trimestre de 2011. Na América Latina, a receita da companhia nesse segmento foi de 549 milhões de euros no quarto trimestre, com 11,1 milhões de unidades vendidas. Um ano antes, a receita fora 652 milhões de euros, com 12,4 milhões de unidades vendidas.