Os investimentos feitos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações em big data – uma poderosa tecnologia para que possam conhecer melhor seu cliente e a partir daí gerarem mais oportunidades de negócios – já refletem positivamente na sociedade, mesmo que ainda em iniciativas ainda não massificadas.Tanto é assim que acontece um esforço conjunto para que o uso da base de dados móveis seja peça importante em programas humanitários como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que já contam com o apoio do GSMA via programa Big Data for Social Good.
No Painel Telebrasil 2018, Jeanine Vos, responsável pelo SDG Accelerator do GSMA, keynote do Painel O Big data e os benefícios para a sociedade, apresentou iniciativas em andamento que envolvem a participação das prestadoras móveis em programas públicos. Na Índia, por exemplo, a Airtel é parceira dos órgãos de saúde no combate à tuberculose. O país registra anualmente 2,8 milhões de casos novos. Com o big data, a prestadora de serviço consegue mapear as áreas de incidência da doença e antecipar novos focos.
No Japão, as prestadoras se uniram para endereçar alertas e instruções para a população em caso de terremoto. Estão nesse projeto a NTT DoCoMo, Soft Bank e KDDI. "Há um trabalho muito próximo dessas empresas e das agências e órgão governamentais", observou Jeanine.
No Brasil também há ações relevantes. Em um trabalho conjunto, as prestadoras de serviços móveis deram início à operação nacional do sistema de alerta de desastres naturais via SMS. O serviço, ofertado desde fevereiro, conquistou inicialmente 2,3 milhões de cadastros e encaminhou 43 milhões de mensagens de alerta.
Inciativas próprias das prestadoras móveis também ganham espaço. A Vivo desenvolveu uma solução baseada em algoritmos de machine learning que permite mapear dados do tempo, deslocamento e indicadores de poluição. Essas informações permitem prever os níveis de poluição, que são enviados para a Prefeitura de São Paulo, a primeira parceira do projeto. "A partir do uso dessa plataforma e de medidas de prevenção, a poluição diminuiu muito na cidade", observou Ricardo Sanfelice, vice-presidente de Estratégia Digital e Inovação da Vivo.
Na época das Olimpíadas 2016, a prefeitura carioca recebeu da TIM o chamado Mapa do Calor, que permitiu visualizar o deslocamento das pessoas, principalmente dos turistas estrangeiros que visitavam o Rio de Janeiro e estavam em roaming na rede da operadora. "A partir desses dados, a prefeitura definia a distribuição dos ônibus pela cidade", afirmou Mario Girasole, vice-presidente de Assuntos Institucionais e Regulatórios da TIM.
Regulação
O big data ainda circula em uma zona cinza no que diz respeito à regulamentação. Essa é a opinião de Otávio Rodrigues, conselheiro da Anatel, que também abordou o tema durante o painel. "Do ponto de vista regulatório, haverá sempre um gap sobre os novos desenvolvimentos. Cabe ao regulador avaliar essa evolução à margem da regulação tradicional, o que acaba criando dilema sobre o próprio futuro", ponderou.
Ele ressaltou que essa é uma questão mundial que ainda não tem uma solução implantada. Citou a linha que vem sendo adotada pela União Europeia para a proteção dos dados pessoais, enquanto o mercado americano tende a adotar medidas de proteção do consumidor.