Seis em cada dez consumidores no mundo estariam dispostos a dividir dados pessoais, informações sobre localização e estilo de vida, com seus bancos e seguradoras em troca de preços menores de produtos e serviços, segundo o Global Financial Services Consumer Study da Accenture.
A pesquisa tem como base entrevistas com 47 mil consumidores de 28 mercados, inclusive 2 mil no Brasil. Os resultados do estudo mostram que mais da metade dos consumidores no mundo aceitaria compartilhar dados em troca de benefícios, incluindo aprovações de empréstimo mais rápidas, descontos em academias e ofertas personalizadas com base na sua localização. Entre os brasileiros, a expectativa pelo aumento no nível de digitalização e personalização de serviços bancários está acima da média global. Enquanto 48% do total de entrevistados esperam que seus dados sejam usados pelos bancos para antecipar necessidades e para recomendação de produtos e serviços de acordo com o perfil do cliente, no Brasil, o índice de concordância com a afirmação chegou a 67%.
Contudo, a maioria das pessoas que participou do estudo acredita que a privacidade deve vir em primeiro lugar, com 75% dos entrevistados afirmando que são muito cautelosos em relação à privacidade de seus dados pessoais. Questionados sobre o que os faria sair de seu banco ou seguradora, as violações de segurança de dados foram a segunda maior preocupação entre os consumidores – atrás apenas do aumento de custos.
Ainda assim, de maneira geral, os fornecedores gozam de elevado índice de confiabilidade. Os bancos aparecem como a instituição mais confiada para acompanhamento de dados e informações financeiras de clientes, seguidos pelas seguradoras, meios de pagamentos online, empresas e provedores de serviços de telecomunicações, varejistas e plataformas de redes sociais, respectivamente. No Brasil, 84% das pessoas que participaram da pesquisa confiam nos bancos em que são correntistas para cuidar de seus dados, enquanto 82% alegam confiar em seus bancos para preservar sua saúde financeira no longo prazo.
"Os consumidores compartilham dados pessoais para facilitar suas vidas, ou torná-las mais interconectadas, e isso está começando a afetar a maneira como gerenciamos nossas finanças pessoais", explica Piercarlo Gera, diretor executivo sênior da prática de Financial Services da Accenture. "Embora os consumidores desejem que os bancos e as seguradoras usem seus dados para desempenhar um papel ativo na melhoria de suas vidas, os bancos precisam ser cautelosos e compreender plenamente seus clientes, com ofertas relevantes e atuais, salvaguardando os dados dos consumidores. É uma ótima oportunidade para que bancos e seguradoras enxerguem seus clientes como pessoas com necessidades além de suas contas bancárias e prêmios".
Os consumidores demonstraram apoio aos prêmios de seguro personalizados. Ao todo, 64% manifestaram interesse em contar com prêmios de seguro de carro ajustados com base em direção segura e 52%, em prêmios de seguro de vida vinculados a um estilo de vida saudável. Além disso, 79% forneceriam dados como renda, localização e hábitos pessoais às suas seguradoras, caso acreditassem que isto poderia reduzir a probabilidade de acidentes ou perdas.
Já no setor bancário, o número de consumidores dispostos a dividir esses dados passa a 81% para casos de aprovação rápida de empréstimos, enquanto 76% o fariam para receber ofertas personalizadas com base em sua localização, como descontos de um varejista. Metade dos consumidores (51%) gostaria que seu banco fornecesse atualizações sobre quanto dinheiro está disponível em suas contas até o próximo dia de pagamento, e 57% gostariam de dicas de economia com base em seus hábitos de consumo.
"As empresas financeiras têm uma enorme responsabilidade de manter seu papel como guardiões da privacidade de dados", afirma Bruce Holley, diretor executivo sênior da prática de Financial Services para América do Norte na Accenture. "Bancos e seguradoras que não aproveitarem a oportunidade para construir essa confiança e melhorar as experiências de seus clientes correm o risco de perder-se no labirinto de pagamentos e compensação de sinistros".
Disposição em compartilhar dados muda de país para país
Os consumidores chineses foram os que mostraram maior disposição em compartilhar dados pessoais importantes com empresas financeiras em troca de serviços personalizados, chegando a 67% dos entrevistados. Entre os consumidores dos EUA, esse número caiu para 50%, enquanto na Europa – onde a Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor em maio de 2018 – os consumidores foram um pouco mais cautelosos. Por exemplo, apenas 40% dos consumidores, tanto do Reino Unido quanto da Alemanha, disseram que estariam dispostos a compartilhar mais dados com bancos e seguradoras em troca de serviços personalizados.
"Na Europa, onde a regulamentação obriga os bancos a compartilhar dados com terceiros, os clientes estão muito mais relutantes em compartilhar seus dados", avalia Piercarlo Gera. "Ainda estamos nos estágios iniciais da revolução do Open Banking na Europa, e espero que o comportamento do consumidor evolua à medida que os bancos investirem e oferecerem serviços cada vez mais relevantes".
Metodologia
A Accenture entrevistou 47 mil pessoas de 28 mercados: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China e Hong Kong (SAR), Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Reino Unido, Singapura, Suécia e Tailândia. Os entrevistados possuíam diferentes níveis e fontes de renda. A única solicitação era que tivessem uma conta bancária e uma apólice de seguro em seus nomes. A pesquisa foi conduzida entre maio e junho de 2018.
Seria bom saber a origem desse estudo. Coisa estranha essa afirmação para lá de suspeita pois estamos numa situação complicada. Será que essa pesquisa consultou o juiz Moro e tantos que estão estão as voltas com quebra de sigilo? É bom justificar o uso indiscriminado da vida do outro. E justificar não diferencia qual meio se usar e qual objetivo para indiscriminadamente usar a lei apenas quando convém.