A realidade virtual está por toda a parte no Mobile World Congress (MWC) deste ano, em Barcelona. E não poderia ficar de fora da publicidade móvel. Em painel sobre marketing móvel realizado nesta segunda-feira, 22, especialistas apontam que vídeos em 360 graus são o novo formato a ser explorado pelas marcas e por produtores de conteúdo em geral.
"Se você acha que o vídeo móvel de hoje em dia é imersivo, saiba que estamos apenas começando… Algumas marcas, como Samsung e Stella Artois, já estão fazendo campanhas de vídeo em 360 graus", disse David Black, diretor de branding e mercado consumidor do Google. Ele distribuiu cerca de 1 mil unidades do Google Cardboard (óculos de realidade virtual feito de papelão) para a plateia no auditório.
Michael Kassan, CEO da Medialink, destacou que produtores tradicionais de conteúdo, como jornais e revistas, devem abraçar essa nova tecnologia para abrir espaço para experiências similares de seus anunciantes. Ele citou o caso do New York Times, jornal norte-americano que começou a produzir vídeos em 360 graus para seus assinantes – todos receberam em casa um Google Cardboard para poderem assistir. Segundo Kassan, a iniciativa está gerando lucro ao atrair anunciantes que também produzem em 360 graus, como uma recente campanha da GE.
Teles como parceiras
É notório que vídeo está gerando uma explosão no tráfego de dados das teles. O problema é quando uma parte significativa do plano de dados dos usuários passa a ser consumido por vídeos publicitários. A solução é trazer as teles para dentro desse jogo adotando um modelo de negócios de tráfego patrocinado, em que a marca paga pelos dados consumidos por sua propaganda, ou oferece dados ou minutos de graça para os usuários em troca da exibição de suas campanhas. "A relação precisa ser de win-win-win: consumidores, marcas e operadoras precisam ganhar", recomendou Susie Riley, CEO da Aquto.
Era pós-publicidade
Mas não basta que as marcas paguem pelo tráfego de dados. As campanhas precisam ser relevantes para cada consumidor. "Estamos vivendo o começo da era pós-publicidade. É como se fosse a Renascença para o marketing", disse o vice-presidente sênior de mídia corporativa do Bank of America, Louis Paskalis. O executivo se refere ao fato de que as marcas estão deixando de simplesmente enviar propaganda de produtos para os consumidores e aprendendo a interagir com eles através de conteúdos que são relevantes e úteis. "O celular é o aparelho mais pessoal que o homem já criou. As marcas precisam levar isso em conta ao se comunicarem via mobile", concluiu. Ele citou como exemplo uma campanha do app de rádio Pandora, que sugeriu para ele a compra de ingressos para o show de uma banda que ele gosta muito, informação que o app sabe ao monitorar o que ele escuta.
Mary Clark, CMO da Syninverse, lembrou que não basta oferecer campanhas relevantes, é preciso ser transparente e garantir segurança quanto ao uso de dados pessoais coletados pelo celular.