SOA chega a maioridade

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A adoção de SOA (Arquitetura Orientada a Serviços) atinge níveis de maturidade no Brasil e várias empresas já se habilitam, com visão de processos, para alcançarem liderança em competitividade nos segmentos de negócios onde atuam. É o caso, por exemplo, do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), presente em 79,6% dos municípios gaúchos, com mais de mil pontos de atendimento, três milhões de clientes e um patrimônio líquido de 2,94 bilhões de reais. Em 2005, o Banrisul decidiu criar um framework próprio de desenvolvimento orientado a serviços, baseado em forte metodologia de desenvolvimento, utilizando padrões de mercado, e hoje exibe ganhos consideráveis – em termos de gestão e alinhamento da TI (Tecnologia da Informação) ao negócio e crescimento da concessão de crédito.

"A carteira de crédito do banco mais do que dobrou e atingiu R$ 9 bilhões em 2007", afirma Rubens Salvador Bordini, vice-presidente e responsável pela diretoria de Gestão da Informação. "O Banrisul avançou muito e está firme no mercado financeiro em função de ter adotado um sistema que lhe dá agilidade, transparência e segurança para transformar negócios", avalia.

Para algumas empresas, a opção por SOA não é puro modismo. "É uma questão de sobrevivência, vital para ancorar a trajetória de crescimento", concorda Tereza Sachetta, diretora corporativa de TI do grupo Fleury Medicina e Saúde, que atua em cinco estados brasileiros, com 130 unidades de atendimento, quatro mil funcionários e faturamento, em 2006, de R$ 520,5 milhões. "Há dois anos, nós operávamos com total falta de visibilidade, custo elevado do ambiente legado e falta de visibilidade. Se não fizéssemos nada, haveria entropia de governança", contou ela durante a apresentação do projeto "Educação: Reconstrução da Vanguarda" no 3º Fórum SOA, promovido pela revista TI INSIDE, em São Paulo.

A implementação da nova arquitetura no grupo Fleury começou a ser feita a partir do ano passado, utilizando ferramentas de software da BEA, empresa recentemente incorporada pela Oracle. "Inicialmente fizemos um piloto na área de cadastro de clientes e de médicos, para acesso via Internet. Depois, criamos um programa para implementação de SOA de forma prioritária, por fases, e voltado a processos de governança. Podemos dizer, desde já, que ganhamos agilidade e flexibilidade para sustentar o crescimento do grupo Fleury e nos anteciparmos aos desejos dos clientes", diz Tereza.

Escalada de implementações

Acreditar que quem adota SOA tem o dobro de chance de se tornar líder na indústria em 2010 não é uma proposição isolada de empresas como o Banrisul ou o grupo Fleury. Pelo menos 40% das empresas brasileiras já desenvolvem iniciativas utilizando a nova arquitetura orientada a serviços, informa Waldir Arevolo, consultor da TGT Consult, com longa experiência na execução de projetos na América Latina. Na verdade, é uma tendência mundial. Segundo a Research and Markets, as receitas provenientes dos investimentos das empresas com SOA alcançaram US$ 2 bilhões em 2007, e devem atingir algo próximo a US$ 9,1 bilhões em 2014.

Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil, vai mais longe. Ele acredita que a combinação de SOA e a tecnologia web 2.0 representa um dos segmentos de mais rápido crescimento da indústria de TI. "Com o mercado mundial para SOA, serviços web e web 2.0, as previsões são de que os negócios cheguem a US$ 142 bilhões em 2011", diz ele.

Os atrativos realmente são fortes. Célia Barbieri, gerente sênior da BearingPoint, diz que as maiores vantagens são do ponto de vista de aumento de competitividade. "Além de maior qualidade para atender clientes, ganhos de time to market e redução de custo operacional, as empresas que estão adotando SOA obtêm mais flexibilidade e agilidade, inclusive, no processo de desenvolvimento de sistemas", indica. Esse interesse está demonstrado, indica ela, na pesquisa InfoWorld 2007, segundo a qual 42% de um total de mil empresas, entre as quais estão as 500 Maiores da Fortune, relatam que estão planejando ou desenvolvendo projetos pilotos com SOA.

Desafios a serem vencidos

No Brasil, a situação não é muito diferente, embora as implementações estejam apenas começando. Mas existem muitos desafios a serem superados. Para Waldir Arevolo, consultor da TGT Consult, para que um projeto de SOA seja bem-sucedido, antes de tudo, é preciso que as empresas respondam adequadamente perguntas sobre critérios de negócios (como estão os negócios, se os clientes estão satisfeitos, se os objetivos são atingidos), sobre processos de negócios (onde estão os processos) e sobre a infra-estrutura de TI (onde estão os serviços). Arevolo recomenda ainda, como fatores de sucesso, a divulgação correta dos benefícios e limitações de SOA, o respeito às diferenças entre os objetivos táticos em projetos pontuais e os planos corporativos estratégicos e, principalmente, a criação de um centro de competência em informação, como a "torre de controle" das iniciativas relacionadas a SOA.

Enfim, é preciso que a organização esteja madura em algumas áreas específicas para usufruir bem dos benefícios que SOA proporciona. Segundo Márcio Gonçalves, gerente sênior da PriceWaterhouseCoopers, atingir o estado de agilidade empresarial é um processo que requer paciência e capacidade de adaptação na orientação a serviços, sem desprezar os níveis de maturidade em que a organização e TI se encontram. "As respostas provavelmente não estarão previamente disponíveis para todas as possíveis questões gerenciais, mas é importante que os princípios SOA estejam claros e acordados não somente para o momento atual, mas também na visão futura", explica Gonçalves.

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