O Brasil só deveria investir em terceira geração de telefonia celular alinhado com a China e a Rússia, em 2008 ou 2009, quando houver tecnologia alternativa. A Anatel precisa entender o momento certo para licenciar as freqüências de 3G e não ser pressionada pelos fornecedores. A opinião é do presidente da TIM Brasil, Mario Cesar Araujo, para quem 2006 ainda é prematuro para o Brasil entrar na 3G. O executivo questiona: o foco da agência reguladora é a universalização ou atender a camada de clientes com alto poder aquisitivo? Se a 3G for licenciada no próximo ano, a universalização será interrompida, segundo ele, porque as empresas se verão forçadas a investir na retenção de clientes de alto valor. ?Vamos oferecer não o que a operadora quer, mas o que precisa para se manter no mercado?, afirmou.
Araujo, que participou nesta terça, 25, da Futurecom, citou exemplos de outros mercados onde a 3G acabou por arrebanhar várias operadoras porque uma delas iniciou a oferta da tecnologia. Para não ficar atrás, as outras seguiram na esteira. Destacou o caso da nova entrante Hutchinson (H3G) na Europa, que por forçar sua entrada no mercado, com fortes subsídios, provocou uma competição acirrada.
Existem atualmente na Europa 8 milhões de assinantes 3G. A penetração é de 12,5% na Itália, sendo 6,5% para a H3G e 6% divididos entre as demais teles; 8% no Reino Unido (4,9% da H3G e 3,1% outras); 6,2% na Suécia (2,7% da H3G e 3,5% outras); 5,7% na Áustria (3,2% na H3G e 2,5% outras); e 5,2% na Dinamarca (3,1% da H3G e 2,1% outras). Nos países sem operação da H3G, disse o executivo, a penetração varia de 0,4% a 2,8%. O breakeven da H3G estava previsto para este ano, mas foi adiado para 2007, devido a investimentos de ? 22 bilhões que a operadora chinesa fez com a tecnologia. Investiu-se muito, mas os aplicativos não geram grande volume de receita, o que teria endividado o grupo chinês.
Contra os royalties
Araujo disse duvidar que o caminho para a 3G seja UMTS ou WCDMA. Opinou que há outras tecnologias emergentes que podem substituí-las sem ter que pagar royalties para a Qualcomm. Um caminho assim vem sento pesquisado pela China, que adiou por prazo indefinido a implantação da 3G para pressionar os fabricantes, porque não quer pagar royalties, afirmou o executivo. A Rússia, por sua vez, estima que só quando atingir a densidade de 90%, o que está previsto para o fim de 2006, se concentrará em 3G, completou ele.
Araujo criticou também a oferta de handsets bonitos e sofisticados de terceira geração, que na Europa não estão sendo usados para multimídia, mas para voz. Os subsídios aos aparelhos atingiram ? 381 na Itália. O preço médio normal do modelo Motorola A1000, por exemplo, é ? 499, mas com o subsídio sai por ? 99, citou ele. Os modelos 2,5G no padrão Edge não recebem subsídio na Itália e custam em média ? 209.