A tese segundo a qual as plataformas mais tradicionais como os desktops serão substituídas por dispositivos móveis cada vez mais potentes para acessar conteúdos online se tornou praticamente um consenso no mercado nos últimos anos. Um estudo recente, no entanto, divulgado pela comScore, empresa de medição de audiência digital, não corrobora esse ponto de vista, pelo menos quando analisado o mercado global.
Segundo o relatório da consultoria, a parcela do consumo total proveniente de dispositivos móveis está crescendo, mas o uso do desktop para acesso à web não está caindo. Na verdade, ele está até aumentando. Os dados mostram, por exemplo, que o tempo total gasto online por usuários de desktops nos EUA manteve-se relativamente estável durante os últimos dois anos. Já o tempo gasto por usuários de dispositivos móveis tem crescido rapidamente, mas os números sugerem que eles estão contribuindo para o aumento do uso de desktops, em vez de reduzir (veja gráfico abaixo).
"A principal coisa a observar é que as percentagens não são a soma de zero", disse Tony Haile, CEO da empresa de análise online Chartbeat, ao Digits, blog de tecnologia do The Wall Street Journal. "É possível haver um crescimento de 50% no seu tráfego móvel e tráfego de fixo, do computador de mesa, permanecer saudável."
Segundo Haile, os dispositivos móveis são verdadeiramente absolutos na nova era da web na parte da manhã e à noite, enquanto o tráfego via desktop permanece dominante durante a semana. Em outras palavras: a participação do tráfego móvel está crescendo, mas o gráfico global do tráfego via desktop está crescendo também.
O estudo tem implicações importantes para anunciantes e agências de mídia, que muitas vezes alteram seus sites e estratégias para atender ao crescimento da audiência em dispositivos móveis. Para o analista da Chartbeat, faz sentido otimizar a mídia móvel se ela tem um público grande e crescente, mas ela não é a "única a dar as cartas no jogo da web". "Na verdade, parece que o uso do desktop para acesso à internet está aqui para ficar, pelo menos por enquanto."
