Não seria incrível se sua roupa ficasse mais quente ou mais fria conforme a variação de temperatura no decorrer do dia? Que ao entrar numa loja a oferta fosse direcionada segundo o seu mindstyle e ainda sugerisse looks complementares? Ou então que, ao chegar em casa cansado, o espaço captasse essa sensação, diminuísse as luzes e, sem qualquer clique, começasse a tocar aquele som que você prefere neste momento? Esses casos são exemplos de como podemos ter mais dos produtos e dos espaços e ilustram porque a realidade, tal como conhecíamos até agora, não é mais suficiente ao novo comportamento e às novas necessidades do consumidor.
Hoje, buscamos mais. Queremos o maior número de informações possíveis a partir dos objetos concretos no dia a dia. Buscamos a maximização do real. E é partir dessa nova realidade que é preciso considerar a Empowered Reality, que nada mais é que uma referência à realidade acrescida por efeitos derivados da inteligência computacional. Para que isso seja possível, o empoderamento, como o termo tem sido chamado em português, se utiliza de tecnologia de ponta, pontos de inteligência e processamento disponíveis na rede para dar novos atributos e funcionalidades aos espaços, aos objetos e até às pessoas.
Na esteira deste conceito, os smartphones devem evoluir como alguns destes pontos de inteligência. Essa evolução, aliás, já é perceptível quando notamos que nossos devices estão cada vez mais smart e menos phones. Estar atento a isso pode significar, em um futuro próximo, o sucesso nos negócios de quem presta ou vende serviços e produtos, principalmente nos âmbitos da Comunicação e do Marketing de Relacionamento.
Esse conceito tem sido apontado como o "tema da vez". A Empowered Reality surge da colisão das novas tecnologias com as demandas do mundo em que vivemos. Uma realidade acrescida de qualidades derivadas da inteligência computacional, da interatividade, multiplicadas de poder e por isso Empowered (empoderada). Mas como aplicar esse conceito aos Negócios e às estratégias de Marketing de Relacionamento? Para ilustrar, alguns exemplos diferentes daqueles que abrem este texto: as embalagens "empoderadas" podem enviar informação de produtos vencidos ou fora da validade direto para a tela de um tablet. Ou, então – e por que não? – a própria geladeira detectar o status de um produto impróprio e te enviar uma mensagem de alerta?
Num futuro próximo, seus vasos enviarão informações para um aplicativo comunicando o estado vital da planta de sua sala. Sua roupa mandará e receberá inputs, se comunicando por meio das redes sociais e causando reações físicas. O "look do dia", aliás, pode exercer papel de prestador de serviços. Bombeiros sujeitos a gases tóxicos inodoros, por exemplo, podem ser alertados sobre o perigo por seu uniforme, que reage ao perigo e ainda envia um pedido de ajuda a uma central de atendimento, já fornecendo a localização exata.
Nos espaços onde o envolvimento com a tecnologia já é mais presente, o passo que falta é que sejam sensíveis ao contexto, como o caso acima, em que o ambiente sentirá o "estado de espírito" ao seu redor. E isso pode dizer respeito ao clima, à bolsa de valores, ao gênero, idade, humor ou desejos de quem passa no local. A tecnologia poderá capturar o contexto automaticamente fazendo com que o espaço reaja a quem está nele. Acredite, isso está prestes a acontecer.
As possibilidades da realidade "empoderada" são infindáveis e sua área de estudo e aplicação, bastante ampla. Ela abrange o design de interfaces e o industrial, o desenvolvimento de sistemas baseados em datamining e de novas formas e técnicas de interação, o aprimoramento de sistemas sensoriais, entre outros aspectos. Resta a pergunta: como você e sua marca estão se preparando para isso?
Karina Israel é diretora executiva da Ydreams, empresa especializada na criação de ambientes inteligentes.