Um jovem universitário, em busca de fazer uma renda extra, acessa o Wix e cria um site de forma bem intuitiva (o famoso "arrasta e solta") para divulgar um serviço que ele presta, como aulas particulares de inglês ou de matemática. Em paralelo, uma senhora com mais de 60 anos pede ajuda à sua neta, que já acessa o WordPress, para colocar uma página no ar, onde divulgará um rico menu de doces e bolos. O que eles têm em comum? Ambos, provavelmente, são adeptos do que se convencionou chamar de low-code ou no-code – métodos para criar aplicativos e sites usando ferramentas intuitivas e democráticas, que reduzem ou eliminam a necessidade de desenvolvedores tradicionais.
De acordo com a Gartner, até 2025, 70% das novas aplicações serão desenvolvidas usando essas duas tecnologias (low/no). São índices expressivos e só consigo atribuir esse cenário a um fator: a praticidade de manuseio dessas plataformas, que permitem aos desenvolvedores cidadãos – aquele profissional sem um perfil técnico profundo – criarem soluções eficientes.
E a indústria de seguros, onde entra?
Como profissional e gestor dessa cadeia – a de seguros digitais –, venho observando que os dois formatos, low-code e no-code, vêm ganhando mais terreno nesse segmento. Enquanto o primeiro possibilita a utilização de codificação, o segundo não a requer, o que o torna ainda mais intuitivo e maleável.
As seguradoras – em especial, as digitais – estão mais atentas a esse cenário, haja vista que, ao aderirem ao low-code e ao no-code, empresas podem otimizar suas jornadas de cotação, regras de automação, documentos, modelos de e-mails, entre outros pontos benéficos. Além disso, é possível que entreguemos aplicativos mais personalizados e com mais agilidade. Em companhias tradicionais, nas quais os softwares são estruturados de maneira uniforme, com a expertise do time de programação apenas, esses processos tendem a ser mais morosos.
E justamente aí entra outro ganho para quem adere a esses novos modelos: o desenvolvimento não precisa passar somente pelo time de programadores. Profissionais do comercial, de UX e de marketing têm muito a contribuir. E o time de programação fica sem emprego? Não. Eles passam a se dedicar a tarefas mais estratégicas e menos operacionais ou a projetos mais grandiosos. É um caso de ganha-ganha.
Benefícios a perder de vista
Para nós (leia-se a indústria de seguros), quando democratizamos o papel do desenvolvedor, com o uso de low-code e no-code, geramos frutos com mais velocidade – e ainda aproveitamos a inteligência de profissionais de outros departamentos para a usabilidade de sites e aplicativos. Sem mencionar que há uma notável redução de custos em todo esse processo – e essa economia é repassada ao consumidor final, que paga menos quando adere a uma apólice digital de uma empresa adepta desses moldes.
Do ponto de vista de um gestor desse segmento, enxergo um tripé de vantagens: em primeiro lugar, há autonomia, uma vez que equipes de negócios podem criar, modificar e gerenciar aplicações sem a necessidade de intermediários técnicos; em segundo, existe um enxugamento das planilhas de gastos, justo por serem opções melhores do ponto de vista financeiro para empresas que não possuem grandes aportes disponíveis para contratar equipes de desenvolvedores e programadores; e, por fim, a resposta rápida a mudanças é outro componente importante, ainda mais no século 21. Isto é, o fator número 1 (autonomia) possibilita que profissionais respondam mais rapidamente às atualizações do mercado e às necessidades dos clientes.
Reinaldo Aguimar, co-fundador e COO da OON Seguradora.