Apesar do aumento modesto no orçamento de TI das empresas — 2,2% globalmente —, os gastos com digitalização estão crescendo em todo o mundo, de acordo com pesquisa anual do Gartner com 2,6 mil CIOs entrevistados em 93 países e em todas as grandes indústrias, representando aproximadamente US$ 9,4 trilhões em orçamentos do setor público e US$ 292 bilhões dos gastos com TI.
No entanto, os orçamentos estimados na América Latina para 2017 aumentarão somente 1,7%, depois de uma elevação de 3,5% registrada na pesquisa do ano passado. Ao todo, 18 países da região participaram da pesquisa deste ano, com o Brasil representando 51% do total de entrevistados.
Os dados da pesquisa de 2017 mostram que os CIOs estão mudando o padrão de investimento relacionado a negócio digital, alocando uma média de 19% de seu orçamento em TI para gastos em digitalização (16% na América Latina), índice que aumentará para 28% até 2018. Empresas com desempenho superior (em que a digitalização é totalmente explorada nos seus processos de planejamento e modelo de negócios) já estão gastando uma média de 33% de seu orçamento em TI em digitalização e espera-se que esse número aumente para 43% até 2018.
As respostas da pesquisa também apontam para o fato de que a adesão ao "ecossistema" digital aumenta junto com a maturidade. Um dos diferenciais de um negócio digital de alta performance é a criação ou a participação em um ecossistema digital. O uso deliberado e abrangente de um ecossistema para cocriar soluções e obter vantagens de capacidades distribuídas separa a categoria top do resto do grupo. Na pesquisa, 79% dos integrantes desse grupo líder indicam a sua participação nos ecossistemas digitais em comparação a 49% e 24% para as categorias de executivos de empresas típicas e iniciantes, respectivamente.
"Um ecossistema digital melhora o alcance das empresas. Ele permite conexões escaláveis entre os parceiros conhecidos e os clientes, mas também oferece uma plataforma para que as partes desconhecidas se conectem uma a outra", afirma Álvaro Mello, vice-presidente de pesquisas do Gartner. "Os ecossistemas diminuem os limites da indústria e ajudam a alavancar tipos de empresas, produtos e serviços completamente novos. Na América Latina, 45% das companhias pesquisadas disseram participar de ecossistemas."
Prioridades tecnológicas
Segundo os entrevistados, as principais tecnologias com investimentos já planejados incluem os serviços de nuvem, analytics, a gestão do mercado digital e segurança. Business intelligence (BI) e analytics continuam a ser prioridades nos principais investimentos em todos os tipos de organizações com uma média de 38% dos entrevistados no mundo todo citando-os como suas três prioridades.
Os participantes da América Latina também mencionaram BI e analytics como prioridades (36%), seguida por infraestrutura e data center (32%), que tradicionalmente consomem altos volumes de financiamento de TI na região.
Para todos, menos para as empresas da categoria top, o sistema de gestão (ERP, do inglês Enterprise Resource Planning) permanece como um investimento significativo, com 22% das companhias típicas (25% dos participantes na América Latina) e 30% dos iniciantes colocando-o como uma das três prioridades tecnológicas. Somente 8% da categoria top classificou o ERP entre suas três prioridades, tendo investido o suficiente para modernizá-lo e mudando agora esse investimento para atividades que gerem maior retorno. Em contraste, os iniciantes estão investindo fortemente em atividades não diferenciadoras. Isso parece indicar que eles precisarão trabalhar para modernizar a base de sua tecnologia antes de poderem até mesmo considerar um investimento de negócios no modelo digital.
Barreira do conhecimento
Os CIOs identificam as falhas no conhecimento de TI como a principal barreira que os impede de alcançar os objetivos de sua função no mundo. Por outro lado, os CIOs da América Latina indicaram o financiamento como sendo a principal barreira porque reflete os momentos difíceis da economia e as incertezas políticas.
Uma média de 33% dos participantes da pesquisa informa que as habilidades relacionadas à informação representam a maior ausência de talento, especialmente aquelas habilidades necessárias para os ambientes de análise mais recentes e avançados. As competências que já foram aplicadas nas análises de diagnóstico pré-digitais não são suficientes para os cenários de dados em tempo real apresentados pela Internet das Coisas (IoT), análise pessoal, tecnologia operacional e ecossistemas de informação. Como resultado, as habilidades mais recentes estão em falta e são caras.
A adoção do TI bimodal é a chave para a criação de uma empresa pronta a receber um ecossistema digital e essa é uma área na qual as companhias estão fazendo progresso. As descobertas da pesquisa indicam que, em média, 43% dos participantes dizem que suas organizações são bimodais (47% na América Latina). No entanto, a categoria top supera em muito as empresas típicas e iniciantes em seu uso do bimodal com 68% de todas as companhias líderes tendo adotado o bimodal em comparação com somente 17% das empresas iniciantes.